No dia 20 de julho de 1974 a cidade de Rio Pardo de Minas, no Norte do Estado, era marcada por uma tragédia aérea que vitimou seis pessoas, entre elas, o então-prefeito da época, Tácito de Freitas Costa, de 45 anos.
O acidente aconteceu na Fazenda Muquém, zona rural da cidade. Entre as vítimas, estavam dirigentes da Empresa Embaúba.
Quando o prefeito Tácito de Freitas morreu no acidente de avião, deixou a esposa, Maria Raimunda de Faria Costa e seis filhos: Claudia Maria, Mônica Tereza, Marcus Tácito, Mércia Maria, Virgílio Tácito e Tácito de Freitas Costa Junior. Na época, a mais velha tinha 12 anos e o caçula apenas 22 dias de nascido.
Meio século depois…
Após exatos 50 anos do acidente, no dia 20 de julho de 2024, operadores de máquinas da Empresa Norte Mineira em parceria com a Polícia Militar, se empenharam na operação para desenterrar o motor do avião que caiu em 74, acidente no qual morreu o prefeito Tací, como era carinhosamente conhecido pela população.
Segundo o tenente Kenneth Viana, que participou da ação, o fato é memorável para todos da cidade, mexendo com as emoções dos moradores.
“O interessante dessa história é que é um fato histórico para a cidade e memorável. E, a coincidência do motor do avição ser achado exatos 50 anos depois, no mesmo dia (da queda)”, afirmou
Lembranças
Belarmino Alves Pereira, de 83 anos, é nascido e criado em Rio Pardo de Minas, conhecido como Belo, ele conhece bem a história e se lembra com precisão de cada detalhe.
“Na época do acidente eu estava com 33 anos. O que se comentou foi que o dono da firma chamou o Tací (prefeito) para dar uma volta na área, e ele não queria ir; pois iria fazer o pagamento dos funcionários da Prefeitura. Mas aí, o dono falou que seria rapidinho e logo estariam de volta. Eles então pegaram o avião para sobrevoar a área. O que se conta é que pouco tempo depois, o avião parou no ar, caiu no chão e deu uma explosão”, recordou-se, Belo.
Pessoas que moravam perto da Fazenda Muqúem, onde aconteceu o acidente, presenciaram o momento da queda. Logo que a notícia se espalhou, muitos não acreditaram, assim como o senhor Belarmino, e foram até à fazenda, para confirmar. Quando chegaram, avistaram os destroços do avião, que teria batido de lado quando caiu ao chão.
Após a chegada do socorro, foram constatadas as mortes dos seis ocupantes. Os corpos foram resgatados e levados até Rio Pardo de Minas para velório e sepultamento, deixando a cidade em choque e enlutada.
Ressignificar a dor
De acordo com Tácito de Freitas Costa Júnior, quando soube que haviam encontrado o motor do avião responsável pela morte do pai, várias lembranças assolaram a sua mente. Mesmo sendo recém nascido quando aconteceram os fatos, ele se lembra da infância ser rodeada por histórias sobre como o pai era querido na cidade, e como a tragédia foi chocante para todos da região.
“A primeira coisa que eu fiz quando recebi a foto [do motor do avião] foi mandar aos meus irmaõs e conversar com eles. Dois disseram que não queriam mexer em nada, por ter sido muito triste. À princípio, foi uma sensação ruim saber que aquilo fazia parte de uma tragédia que abalou não só a nossa família, mas todos do município. Eu fiquei com 22 dias de nascido e a minha irmã mais velha, a Cláudia, tinha 12 anos. Somos seis irmãos e éramos todos crianças”, se emociona.
Passado o momento inicial, Júnior e seus irmãos pensaram na ideia de limpar o motor e criar uma exposição para contar a história sobre o fato ocorrido, enaltecendo a figura do pai, como político visionário. Na época, Tací procurava melhorias para a cidade quando aconteceu a tragédia.
“Muita gente nova não conhece a história e seria interessante [que todos conhecessem]. Após pensar nessa ideia da exposição, eu fiquei feliz de dar essa oportunidade de outras pessoas conhecerem a história de quem foi o Tácito de Freitas Costa”
Veja fotos do relatório final do acidente 74: