Em rodas de conversa não raramente ouvimos, em certos momentos, algumas frases assim: “tudo que é bom, dura pouco”; “acabou-se o que era doce”; “santo de casa, não faz milagre”. Frases assim nos fazem compreender a respeito do que temos como referência para a vida. Por vezes um simples “não” de alguém pode se tornar um desastre na vida da pessoa. Parece que estamos muito apegados a sempre termos tudo a nosso favor, como se o universo girasse em torno de nós. Por exemplo, quando um amigo ou um parente traz uma notícia de ascensão na carreira ou mesmo consegue concluir algo que há tempos não estava conseguindo e o outro próximo parece não se importar ou não avalia o tamanho valor que aquilo tem para ele. E dessa forma quem esperava uma palavra de consolo, ou um olhar de empatia, sai da sala frustrado, pois não recebeu a resposta esperada.
A maioria das pessoas não está na mesma sintonia. Cada um vive sua vida unilateralmente. Talvez alguns estejam antenados no que acontece com os que são próximos, mas mesmo assim, não aprenderam ou não querem se expressar quando o outro se estabelece satisfeito em alguma etapa da vida. Podemos dizer que de fato algumas pessoas são egocêntricas; outras podem ser tímidas e não terem desenvoltura para se expressarem; outras ainda não possuem nem a maturidade adequada para saber avaliar e valorizar a atitude positiva do outro. Ensina-nos o físico e humanista Albert Einstein que “o valor do homem é determinado, em primeira linha, pelo grau e pelo sentido em que se libertou do seu ego.” É bem provável que as pessoas que mais valorizam as conquistas, a superação de cada fase de vida de alguém são os pais, que na maioria das vezes acompanham seus filhos desde o primeiro dia de vida. E por isso quando os filhos são bem sucedidos em certas situações, isso é motivo de grande orgulho, de festa, de grande alegria para toda a família.
Ainda assim não podemos esquecer que até biblicamente (Lucas 15:11-32) o filho pródigo quando saiu de casa, levando a parte de seus bens, tempos depois de ter havido gasto tudo, volta para casa. O pai dele o recebe de braços abertos e com festa. Enquanto o seu irmão e outros mais distantes o receberam “com o pé atrás”, ou seja, viram aquela volta do filho como uma ameaça, como um atraso de vida, como uma vergonha para família. Enquanto isso, o pai estava a dar graças a Deus por encontrar novamente o seu filho com vida, são e salvo. Por outros lado é bem verdade que estamos envoltos por uma gama gigantesca de informações. Paira em nós muitas possibilidades neste mundo moderno. E com tudo isso nossos valores primários estão se deturpando. Não sabemos por vezes contemplar o milagre do nascer de uma criança; não sabemos o condão que há em nos expressar para as pessoas que amamos. E na maioria das vezes aqueles que veneramos são os que mais sofrem por nós, pois não sabemos ser polidos com eles e respeitá-los como deveríamos. Por isso se afigura que muitas vezes que o que é bom, é pouco; que quem está perto de nós não é significante o bastante. A partir do momento que aprendermos a olhar com verdadeira sensibilidade a quem está conosco, pode ser que nossa vida, nossa visão e nossas crenças sejam convertidas em algo melhor. E o que é bom durará mais e ficará da largura e no cumprimento certo que necessitamos.
Capitão Michael Stephan – Comandante da 210ª Cia PM/10º BPM