A justiça condenou dois homens acusados de participar da morte e concretar o corpo do advogado criminalista Alexandre Mauro Barra, de 34 anos, em Montes Claros.
A sessão de júri popular começou por volta das 10h30 da manhã, dessa última quinta-feira (16), no fórum Gonçalves Chaves. A pena dos dois réus, somadas, passam de 40 anos. A sentença foi lida na madrugada desta quinta-feira (17), às 3h30.
Foram condenados: Edson Gonçalves de Assis e Thiago Silva Vieira. Eles vão responder por homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, meio cruel e utilização de recurso que dificultou a defesa da vítima. Segundo o Ministério Público, a condenação também foi por ocultação de cadáver, pois o corpo de Alexandre foi encontrado concretado, e furto. Edson Gonçalves de Assis ficará preso 19 anos e 10 dias e multa; já Thiago Silva Vieira foi condenado a 22 anos e 22 dias e multa.
De acordo com informações do Ministério Público, o órgão irá recorrer para tentar aumentar as penas dos criminosos. Os advogados de defesa dos réus não se pronunciaram para esclarecer se também pretendem recorrer da decisão.
Na denúncia feita pelo MP, o documento mostra que o réu Edson Gonçalves de Assis Filho tinha uma dívida com Alexandre, no valor de aproximadamente R$ 200 mil reais. Alexandre praticava empréstimos à juros. O crime aconteceu na casa do réu.
Já o outro autor, Thiago Silva Vieira, não chegou a pegar dinheiro emprestado com a vítima. Vieira aceitou participar do homicídio para receber uma certa quantia em dinheiro, segundo apontaram as investigações.
Os outros três envolvidos no crime ainda não foram condenados. Eles continuam presos e aguardam julgamento de recurso no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).
Relembre o crime
Após desaparecimento do advogado criminalista, Alexandre Mauro Barra, de 34 anos, as investigações da Polícia Civil (PC) concluíram que a morte havia sido planejada por um amigo íntimo dele.
O advogado criminalista desapareceu no dia 13 de dezembro e foi morto no mesmo dia após ser atraído a uma casa, pelo amigo de longa data, onde aconteceu o crime. A residência ficava no bairro Carmelo. Após a morte por asfixia, o corpo de Alexandre foi colocado em um carro e levado para uma casa, no bairro Independência. Os insvestigados que participaram do crime contrataram pedreiros para fechar com cimento um buraco que foi aberto no local. O corpo do advogado foi encontrado concretado nessa casa, que é de um dos réus, no Grande Independência, no dia 19 de dezembro de 2022.
“Ele foi atraído por meio de emboscada pelo seu amigo até uma residência localizada no bairro Carmelo. Chegando na casa, o advogado foi rendido com o seu amigo, mas na verdade essa rendição era uma simulação. Porque depois que colocaram um pano na cabeça da vítima, o amigo ajudou também na execução do crime. […] Lá [na casa] já estavam presentes mais três pessoas envolvidas no crime. Colocaram um cinto no pescoço dele [advogado] e ele foi enforcado”, disse a delegada Francielle Drummond durante uma coletiva.
A delegada ainda explicou que após matar Alexandre asfixiado com um cinto, os homens arrastaram o corpo pela escada da residência que era de dois andares. Os investigados colocaram o corpo da vítima no porta-malas de um veículo, e o levaram para a outra casa. Chegando no local, eles abriram o buraco, e o corpo de Alexandre foi enterrado e concretado.
O primeiro laudo do Instituto Médico Legal (IML), havia apontado que a causa morte teria acontecido devido um traumatismo craniano na cabeça. Porém, as demais investigações concluíram que os ferimentos apresentados no crânio da vítima foram causados após a morte, quando o corpo do homem foi arrastado pela escada da casa de dois andares, onde aconteceu o crime.
As investigações também constataram as causas do crime, que foi premeditado, arquitetado há tempos, e motivado por dívidas de agiotagem dos réus para com a vítima.
“A motivação do crime está relacionada com agiotagem já que o amigo pessoal da vítima intermediava todos os empréstimos com juros abusivos. Ele pegava o empréstimo com a vítima a juros de 10%, 20% e repassava para outros devedores a juros maiores de 40%. Ele foi o responsável por influenciar todos os outros envolvidos a criar a ideia de matar a vítima e com isso, teriam redução de dívidas e abatimentos de juros. Com isso, ele poderia ficar com todos os valores devidos à vítima naquele momento. […] Ele era o maior interessado na morte, como negociava todos esses empréstimos, ele conhecia todo mundo que era devedor da vítima. Então matando, ele continuaria a receber todos esses valores”, afirmou a delegada Francielle Drummond.
O que diz o Ministério Público
De acordo com as investigações do MP, o amigo que premeditou o crime. Ele influenciou os autores, fazendo com que eles acreditassem em mentiras, dizendo que a vítima era uma “pessoa perigosa, que advogava para grandes criminosos e que mandava matar quem não o pagasse. Além disso, dizia que, com a morte da vítima eles teriam redução dos valores devidos”, informou o MP.
Os autores não tinham relação direta com o advogado. Todas as negociações e empréstimos eram repassados através do amigo. Após a morte de Alexandre, no mesmo dia, os dois condenados foram até a casa da vítima, e reviraram o lugar atrás de dinheiro. Eles furtaram joias que encontraram na residência. Veja matérias relacionadas ao crime: