Este é o jeitinho mineiro de falar. Conhecido como “mineirês” é vocabulário charmoso e bastante curioso.
Agora convido ocê prum dediprosa cheio de mineiridade: bora intendê mió esse jeitim de um tanditrem doidimai que mineiro fala. Pegue um cafezim e se achegue!
Aqui há até palavra mágica: “trem”, que tem sentido diverso, serve para tudo, nomeia tudo. No vocabulário de Minas, é um nome coringa. Encaixa em qualquer frase. Trem é palavra importantíssima dentro do dialeto que se fala no estado.
O mineirês não é gíria. É muito mais uma forma diferente de dizer dentro da mesma língua. Fusão de palavras, corte de sílabas. A lógica parece seguir a ideia de simplificação. Quem vem de fora pode achar custoso entender uma simples conversa na praça. Como exigir que o turista tenha ideia do que significa “facideia”?
Buscar socorro na biblioteca? Não adianta procurar na prateleira de cima, nem na do meio, lá embaixo tampouco. Pode consultar dicionário com mais de mil páginas que não vai encontrar.
Esse nosso linguajar é tão gostoso, que até mesmo o bispo (cujo feminino é episcopisa) da peça teatral “O Auto da Compadecida”, encenada pelo Grupo de Teatro Maria Cutia, faz uso gostoso desse sotaque, trazendo graça e simpatia à plateia, que, imediatamente, identifica-se.
Carlos Drummond de Andrade também fala do encanto desse jeito de falar:
“Se uma mineira, falando mansinho, me pedir para assinar um contrato doando tudo que tenho, sou capaz de perguntar: só isso? Assino achando que ela me faz um favor”, trecho do poema O Sotaque das Mineiras.
Gostô? Segunda, depois de “dominquivem” tem mais.