“Que calorão!”, “Que calorzão!”. Estes são os simpáticos comentários mais usados atualmente, para início de conversas. Qual a forma correta? O VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa), responsável pelo registro oficial das palavras da Língua Portuguesa, não registra a palavra “calorzão”.
Agora a coisa certa é estas palavras tornaram-se grito de alerta frente ao calor, como nunca antes sentido. Lembrando que estamos na primavera, e se fosse no verão? Não suportaríamos, pois na semana passada as temperaturas subiram muito acima do normal. Em mais de 1.500 cidades do Brasil, os termômetros subiram 6° acima da média, para esta mesma época do ano. No Rio de Janeiro a sensação térmica passou de 60°, inclusive fazendo vítimas fatais, como foi o fatídico caso da jovem Ana Benevides, que morreu após parada cardiorrespiratória, quando participava de show da Taylor Swift, em decorrência do calor.
Parece evento extraordinário, acelerado pelo fenômeno meteorológico do El Niño, que é caracterizado pelo aumento das temperaturas nas águas superficiais do Oceano Pacífico, modificando o clima em várias regiões do planeta, incluindo o Brasil. Todavia, faz-se necessário olhar histórico para perceber mudanças que não vêm de hoje. Entre 2011 e 2020, o Brasil registrou 52 dias com ondas de calor intenso. O resultado imediato, agora, foi recorde (leia re-COR-de) na demanda instantânea de energia elétrica, em busca por ambientes climatizados.
Não, o mundo não está acabando! Sobreviveremos, suando (e não soando, pessoas suam, sinos soam), em casos mais graves adoecendo ou morrendo. Contudo, é importante lembrarmos da verdade irrefutável proferida pelo cardeal W. Schuster, 1949, “Deus perdoa sempre, os homens algumas vezes, a natureza nunca”: é preciso controlar já, sem demora, a mão suja do ser humano, atalho para os extremos ambientais. É emergência que precisa ser ouvida pelos cidadãos, pelas empresas, mas sobretudo ser respeitada pelas políticas governamentais. Não há outra saída, este desequilíbrio a Língua Portuguesa resolve, porque o calorão ou o “calorzão” está pra lá de Bagdá.