Minhas narrativas contam histórias passadas.
Explico sempre a origem de Salinas na construção de memórias, temas que atravessam minha obra.
Salinas tem muitas coisas bonitas pra contar.
Inicio falando dos vários povos que habitaram este território antes da colonização portuguesa.
Salinas é um município formado por vários povos, tendo grande parte da população de índios e afro descendentes.
E por esta razão, é de suma importância que a história desses povos seja contada e divulgada.
A presença humana no território hoje ocupado pelo município salinense data de centenas de anos, conforme evidências arqueológicas encontradas as margens do Rio Salinas.
Aqui viviam os índios, esses povos deram origem às tribos indígenas em Salinas, depois chegaram os portugueses que trouxeram os afros.
Os índios, os primeiros habitantes, são povos nativos da terra. Muitos destes povos viviam da caça, pesca, coleta de frutos e também praticavam a agricultura.
Conheciam a cerâmica que era usada para armazenar alimentos e também como urnas funerárias para sepultar quando alguém falecia.
Salinas é uma poesia viva de tradições, encantos e segredos.
O morro do véi Juquinha, um morro que canta.
Bem ao lado da cidade, o morro se ergue como um protetor silencioso, testemunha de eras e segredos.
E um dos segredos são os quilombos, espaços símbolos da resistência contra a política escravocrata, instalados em lugares isolados e mais próximos da natureza.
Com milhares de anos, ele parece sussurrar as poesias da nossa Terra, contando histórias da época em que o salgema esbranquiçou sob o sol e misturou com águas do Rio Salinas, dando início a uma dança de sonhos e destinos de europeus, índios e afros.
Pedras do Rio e do Morro que falam.
Das entranhas do Morro do Capim e do Rio vieram as pedras que ergueram as igrejas, ruas e sonhos.
O brilho dos minérios, por exemplo, pode ser admirado em vários lugares, onde ele narra uma história de riqueza.
Cidade que encanta.
Mas Salinas não é feita apenas de pedras e histórias antigas.
Ela é um refúgio, onde a natureza manifesta livremente.
Cerca de pedras contam histórias ancestrais, cachoeiras cantam poesias e trilhas convidam os mais aventureiros a descobrir seus segredos.
Salinas foi berços dos povos antigos.
As evidências de povos antigos nas selvas e rios salinenses são muitas, entretanto, algumas estruturas físicas são encontradas.
Quando se fala em antigas civilizações salinenses, rapidamente pensamos nas urnas indígenas, que guardam mistérios que estão redefinindo nossa compreensão da história pré-colonial de Salinas, Minas e do país.
Embora menos conhecidas, essas descobertas contam uma história rica e surpreendente de culturas que floresceram em harmonia com a natureza.
Como estas urnas funerárias indígenas, que foram encontradas na Vila Canaã, possivelmente índios viviam ali e eram utilizadas para enterrar os mortos daquela época.
Encontra-se em exposição na Fundação de Cultura de Salinas.
Acho que faz muito bem em escrever sobre o passado de Salinas, porque estou mais sereno com aquilo que era a minha história passada.
Sem me alongar em demasia, o que nos resta dizer é que vale a pena conhecer o fim dessa história.
Não por ser bem escrita e bonita, mas principalmente, porque se trata de uma reflexão sobre a própria existência humana na face de um planeta que já anda perdendo as coisas importantes da vida.
Recuperar o bom senso, a empatia e a graça de conviver, viver junto a natureza, como parte dela, é necessário e urgente.
Isso tudo se torna a real tarefa que traduz quem realmente somos: humanos.
Recomendo a leitura, também, além é claro, porque é poesia em forma de prosa, é sensibilidade e resgate da ideia de que o planeta é nossa casa e o que fazemos a ele repercute em nós mesmos.
Misturando sonho e realidade digo sobre a valorização das comunidades e povos tradicionais no município de Salinas.
É preciso que o município elabore um projeto de ampliação da valorização das comunidades tradicionais, criar projetos de exaltação cultural, valorizando a cultura tradicional, e aos poucos ir desconstruindo os traços de inferioridade ainda existente.
Fica portanto claro que é preciso o município garantir a todas comunidades tradicionais acesso a cidadania.