A situação dos atendimentos pediátricos em Montes Claros voltou a ser assunto na Comissão de Saúde em reunião na noite de quinta-feira (18). Participaram, a presidente da Comissão, vereadora Maria Helena de Quadros Lopes; o presidente da Casa, Junior Martins; o primeiro-secretário, Igor Dias; o segundo-secretário Wilton Dias. Ainda estiveram presentes os vereadores Raimundo do INSS (relator da Comissão), Cláudio Rodrigues, Julinha da Pastoral, Reinaldo Carrapicho. Quatro pediatras compareceram de forma presencial, e outros 22 profissionais, de forma remota.
A médica Isabela Dias Oliveira Sarmento disse que a sobrecarrega de serviços pediátricos na cidade foi comprometido com o fechamento da especialidade médica no hospital Santa Casa. Disse ainda que para contornar a situação o município optou por remanejar os pediatras das Estrategias de Saúde da Família (ESF) para a Policlínica Ariosto Corrêa Machado. “Secretaria de Saúde tem entendimento de que não há demanda para que os pediatras sejam lotados nos PSF, junto à atenção primária”, disse.
Luísa Toledo Silva Rodrigues destacou que a demanda da UPA Chiquinho Guimarães aumentou consideravelmente em virtude da falta de pediatras das unidades básicas de Saúde. “A maioria dos casos graves atendidos pela UPA são de crianças com problemas de saúde que poderiam ter sido ser resolvidos se, logo no início da doença, fossem atendidos na atenção primária”, relatou a pediatra.
A médica Maura Carneiro disse que os hospitais devem atender paciente com quadros mais graves e que deveria ser criadas outras duas UPAs na cidade para atender a demanda de paciente, bem como descentralizar o atendimento das crianças na atenção básica, seja por pediatras ou clínicos gerais, pois, “em alguns casos, as crianças são atendidas por enfermeiros, ante a falta de médicos no PSF”, comentou.
Luísa Tolentino ponderou que há pediatras em Montes Claros, mas que os médicos não querem trabalhar no município porque não aceitam as condições disponibilizadas, que segundo ela, são insuficientes para prestar um serviço de qualidade.
A maioria dos pediatras que trabalham em hospitais e na UPA em Montes Claros demonstram ter interesse em trabalhar também nas Estratégias de Saúde da Família, no entanto vem encontrando dificuldade. “Já tentei minha remoção da UPA para a atenção básica, mas recebi a informação de que não havia demanda da pediatria na atenção primária em Montes Claros”, disse a médica Dalila Maria de Souza.
A presidente da Comissão de Saúde, vereadora Maria Lopes (MDB) disse que a reunião possibilitou conhecer as dificuldades que os pediatras vêm enfrentando para desempenhar a função em hospitais e na UPA e de que maneira a especialidade médica poderia melhor se estruturar na cidade. “Conseguimos enxergar algumas soluções para mediar junto ao Município, como, por exemplo, a proporcionar mais segurança para os pediatras no trabalho. Precisamos da contribuição de todos, o que inclui a população, que possa entender que os pediatras não como os causadores do problema, mas como parte da solução”, disse a vereadora.
O presidente da Casa, vereador Júnior Martins destacou a importância da Câmara Municipal intervir na situação para ajudar a resolver o problema. “Entre as possíveis soluções está ainda a descentralização do atendimento pediátrico nas grandes regiões da cidade: Santos Reis, Independência, Renascença, Delfino, Major Prates, Maracanã; a regulação municipal de paciente da UPA e; o reajuste do valor pago aos pediatras”, ressaltou o vereador.
Como proposta da Comissão de Saúde será agendada nova reunião com a presença da secretária municipal de Saúde, Dulce Pimenta; do vice-prefeito, Guilherme Guimarães; do procurador-geral do Município, Otávio Rocha; de representantes dos hospitais e dos médicos pediatras.