Coluna Sal da Terra: agronegócio, MST, agricultura familiar e camponesa à luz das transformações

Imagem: Internet/ Metapolítica

Sou assistente social, viajo muito pelo cerrado do Norte de Minas, especialmente por este universo rico de Salinas e Fruta de Leite, aprendi a dialogar com todos os setores da sociedade na busca de solução de conflitos.

Nessas regiões encontro pessoas letradas e também gente que não sabem ler livros, mas que sabem ler a natureza e a vida.

Como disse Mia Couto, eles sabem ler sinais da terra, das árvores, dos bichos, das nuvens e o prenúncio das chuvas.

Nessas visitas que faço ao Cerrado, vou aprendendo a ter mais sensibilidades e a encantar com a vida e a dialogar com pessoas de várias visões de mundo.

Tenho compreendido o espírito dos novos tempos ao redigir estas linhas, e entender a agricultura, além de um conjunto de saberes e práticas — mas ela não deixa de ser também uma filosofia.

Acrescento que por mais que seja um mercado competitivo, a gente tem que pensar em cooperação entre todos os setores da sociedade, este é o segredo.

O que mais escuto o cerrado é sobre Reforma Agrária parada há seis anos, e Programa Nacional de Crédito Fundiário que tem como objetivo principal o acesso à terra, contribuindo para a redução da pobreza rural, gerando oportunidade, autonomia e fortalecimento da agricultura familiar e camponesa, alicerçado na melhoria da qualidade de vida, geração de renda, segurança alimentar, com a ideia que o produtor grande e o pequeno trabalhem em sintonia. Ou seja, que a agricultura empresarial e a familiar sejam complementares.

E lendo uma entrevista com o Ministro da Fazenda em exercício que visitou a Feira Nacional da Reforma Agrária, Gabriel Galípolo e que foi eleito presidente do Conselho de Administração do Banco do Brasil (BB), ele teve compromissos que, à primeira vista, poderiam parecer incompatíveis.

Horas depois de visitar o epicentro do mercado financeiro do país, a chamada Faria Lima, se deslocou por quase 10 quilômetros até o Parque da Água Branca, no bairro de Perdizes, para visitar a Feira Nacional da Reforma Agrária, ele falou que o Ministério da Fazenda está pensando, agora, investir no agronegócio, buscar soluções para o MST, e investir também na agricultura familiar e camponesa.

Gabriel Galípolo, disse: – A gente vem conversando sobre uma série de políticas, desde políticas que melhoram o ambiente do ponto de vista legal, para permitir que se tenha acesso a crédito, permitir que você tenha todos os mecanismos funcionando a contento para que chegue para a produção, e também medidas à semelhança do que existe, por exemplo, com o Plano Safra. Que você possa ter algum tipo de recurso fiscal destacado, evidente, claro e transparente, para que ele permita que você tenha acesso a taxas de juros e financiamento que viabilizem e ampliem a produção, a modernização, o acesso a tudo que é necessário.

Todos os casos em que a gente tiver um subsídio, algum tipo de esforço fiscal, e se justifique, do ponto de vista da sociedade, do benefício que traz para a população, tanto do ponto de vista da sustentabilidade econômica, de geração de renda e emprego, da questão ambiental, da sustentabilidade ambiental e da questão social, a gente não tem que ter vergonha de fazer. É só a gente fazer isso de maneira transparente, clara e evidente, porque aquilo vai se justificar do ponto de vista de retorno para a sociedade. Então é nessa lógica que se inserem esses debates que a gente está fazendo sobre as políticas, hoje.

Ele disse também que a reforma agrária é uma alternativa para combater a fome no Brasil.

Esse é um tema que vários países enfrentaram no século passado, e o Brasil vai ter que enfrentá-lo À LUZ DAS TRANSFORMAÇÕES que nós temos hoje.

Isso envolve que, para além dos temas que a gente tinha, do passado, a gente carrega, agora, o tema da sustentabilidade ambiental e da questão social, por causa das mudanças das relações de trabalho.

Vai ser um trabalho permanente, não vai ser uma coisa que vai se resolver de uma vez, mas a gente tem que encarar, vencer essas dívidas que a gente tem no passado, à luz de quais são os novos desafios para o Século 21.