Começo minha coluna de hoje com versos de Milton Nascimento.
Ponta de areia,
ponto final,
da Bahia-Minas,
estrada natural,
que ligava Minas,
ao porto, ao mar,
caminho de ferro, mandaram arrancar”.
Cinquenta e sete anos após ser desativada por inviabilidade econômica, e depois de ter sua história imortalizada na música “Ponta de Areia”, de Milton Nascimento e Fernando Brant, a Ferrovia Bahia-Minas vai ser reativada por um projeto a ser lançado no próximo dia 30, com investimento previsto de R$ 12 bilhões.
Rota do Minério: é uma iniciativa que quer incluir Salinas em um plano de infraestrutura nacional.
O plano consiste na formação de uma grande rede de infraestrutura — passando por diversos modais de transporte, principalmente, portos, rodovias e ferrovias — conectando os municípios para o escoamento de produtos.
O projeto começou integrando municípios de Minas e Bahia, que somam 12: Caravelas (BA), Alcobaça (BA), Nova Viçosa (BA), Serra dos Aimorés (MG), Nanuque (MG), Carlos Chagas (MG), Teófilo Otoni (MG), Poté (MG), Ladainha (MG), Novo Cruzeiro (MG), Araçuaí (MG), com ramal até Salinas MG.
Um dos focos da MTC é o transporte, para o litoral, de lítio, utilizado na produção de baterias para carros elétricos e telefones, cuja extração vem sendo incrementada por empresas estrangeiras exatamente na região do Jequi.
De acordo com o Prefeito Kinca Dias, trata-se de um dos mais importantes projetos estruturais e de desenvolvimento da Região e o maior investimento em andamento em Minas-Bahia e que, ao mesmo tempo, reforça os laços com o povo Bahiano.
O protocolo será assinado neste fim de mês aqui em Salinas e servirá de orientação para futura negociação e assinatura de convênios, acordos e outros termos que possam ajustar as necessidades do corredor ferroviário.
Com isso, norte de minas, Alto Rio Pardo, Jequitinhonha e Sul da Bahia passarão a trocar diversos produtos entre si.
Isso causará um grande aumento no intercambio cultural, já que passaremos a ter acesso a outros produtos de outras regiões, inclusive que chegam nos portos.
Como a Rota do minério vai mudar nossa região?
Muito além de trocas comerciais, a Rota do Minério também vai trazer intercâmbio cultural entre as regiões.
Faço até um paralelo entre a rota do Minério e a rota dos Tropeiros, entre os séculos 19 e 20.
A rota dos Tropeiros movimentos não só centenas de produtos, mas moldou a cultura, a economia e a religião nestas regiões entre Minas e Bahia.
Com as viagens, os comerciantes e viajantes conhecer diferentes partes de Minas e Bahia e vão voltar para casa com ideias novas.
Trata-se de uma importante conquista para Salinas que passa a ter um novo e muito significativo mercado para comercialização de vários produtos.
O resultado não se reflete apenas no minerio, mas na geração de empregos e oportunidades para todo o ciclo de produção.
Falta, agora, a realização do licenciamento ambiental. A MTC afirma já contar com investidores parceiros para a realização da obra.
O novo trajeto terá como base o original, de Caravelas, no sul da Bahia, onde será lançado o projeto no fim do mês, a Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, percurso de 442 quilômetros, com ramal até Salinas.
Assim sendo, os 500 quilômetros dessa ferrovia começam pela região de Salinas, região conhecida como uma das principais reservas de litio de Minas, povoada por cerrados e caatingas.
Em Caravelas, onde funcionava a Estação Ponta de Areia, há um porto e um aeroporto, que também precisam de investimentos.
Assim como antes, a linha poderá servir para o transporte de cargas e passageiros.