Individualidade e coletividade, ao contrário de que alguns imaginam, são conceitos complementares e nos auxiliam a compreender a existência humana para empreender atitudes de maneira balanceada. Tal premissa nos remete a que não nascemos para vivermos sós, isto é, é necessário viver em sociedade para aprendermos a nos educar para a evolução contínua.
Doutro lado a reflexão individual sobre o encontro coletivo poderá produzir recursos e ferramentas para uma condução tenaz e densa da representação do outro em nós. Vale dizer que se a nossa referência estiver apenas no nosso individual, no egocentrismo, tendemos a acreditar que somos autossuficientes, que já estamos prontos e que nada mais nos falta.
Ledo engano! Todas as vezes que nos colocamos perante o outro, constatamos que muitas soluções podem ser obtidas de formas ainda mais simples e mais úteis para nós.
Alguns grupos tribais, como os indígenas, por exemplo, desenvolvem uma forma bastante singular cultural e ética de ser. Em contrapartida, ao refletirmos o desenvolvimento tecnológico da civilização moderna e a de um grupo selvagem que não vive, tampouco compartilha das mesmas ideias, parece que se instala um choque cultural.
O homem da sociedade moderna possivelmente não conseguiria viver em uma tribo indígena brutal em razão de toda uma forma de ser já instalada nesse meio. E assim também muito provavelmente o silvícola demonstraria muitas dificuldades em aceitar a nossa forma de vida.
Lado outro, quando tratamos de interpretação do que é certo e errado, isso se torna algo ainda mais complexo de lidar. Alguns grupos de pessoas mesmo vivendo na sociedade moderna, tendem a viver uma vida reservada, se negam a cultivar e conjugar valores e princípios morais que delineiam a forma de viver da sociedade contemporânea.
Por isso é que disciplina, hierarquia, valores morais devem de forma recorrente ser trabalhados em sociedade na tenra idade para podermos compreender que realmente são esses valores que intuem o meio social a valorizar o outro como ser humano. Muitos tendem a coisificar o outro.
Vivem uma timidez de espírito e de humanidade que a falha passa a ser considerada algo correto para alguns, pois concebem que a lei ou a vida pode ser vivida como e quando quiserem aleatoriamente.
Não respeitam leis, autoridades, valores espirituais e não sabem se relacionar com profundidade junto às pessoas sem de alguma forma maltratá-las, desonrá-las, sem compreender que há princípios e preceitos a serem reverenciados e que toda a convenção social existente é que mantém o esteio da contrabalançada convivência, do bem estar e do cultivo da humanidade para a evolução em todos os aspectos de vida.
(*) Capitão PM – Comandante da 210ª Cia PM/10º Batalhão PM.