Se o céu estiver claro, pode-se parar no PÓRTICO, projetado com a representação de uma dorna – símbolo da cidade, que fica do lado esquerdo, na entrada de Salinas, e deixar o olhar vagar pelo vale onde é construída a cidade, ao lado do Rio Salinas, até o morro de TV ao longe, deixando os sonhos invadir as colinas.
É o tipo de paisagem, de céu azul e montes verdes distantes, cuja contemplação promete uma alegria imediata, e uma pureza próxima da poesia.
Eu não era exatamente a típica pessoa esperada na cidade de Salinas, batizada com este nome, em homenagem as minas de sal no seu descobrimento, e onde moravam os índios, as margens de um Rio.
Eu era um poeta sonhador.
Minha mochila estava vazia, tinha umas velhas manchas de caipirinha feita com HAVANA, e meu casaco tinha um desenho na parte de trás, por onde podia ler ” Salinas, eu amo você”.
Mais impressionante do que o luxo material das instalações do Pórtico, com seu alto teto e corredores de passagem com flores ao lado da rodoviária em homenagem a Anísio Santiago, é a quantidade de atenção dispensada assim que você entra por suas portas e adentra Salinas.
Eu não estava ali para receber qualquer atenção, apenas ia ficar hospedado em um dos hotéis da cidade enquanto escrevia este texto e fazia uma matéria.
Mesmo assim, músicos, poetas, tocadores, trovadores e muito outros artistas surgiam de todos os lados, sempre com um sorriso sábio nos lábios, desses que a gente costuma encontrar nos rostos de atores de TV ou de qualquer um que acredite ter acesso a uma verdade capaz de dar prazer.
Assomando por trás deles estava o prefeito, radiante como o prado dos salinenses poetizado por Darcy Freire, nosso poeta maior, com um chapéu de couro sobre a cabeça, e exalando um tipo de afeto de alguém que construiu uma cidade para turistas, desfolhando um florilégio de boas maneiras: um homem de conhecimento do nosso municipio, descobriu que seu propósito na vida é ajudar sua cidade natal.