Rodeado por memórias de um por do sol que ainda está por vir, sou futuro ainda em estado de presente. A caminhada é longa ao objetivo escondido entre algumas árvores e alguns segredos. Desbravando o medo e as ruas empoeiradas daquele deserto avisto uma viela onde repouso meu olhar, ando na contramão para encontrar de frente o que vem em minha direção, sem deixar passar nenhum detalhe percorro tim tim por tim tim aquele lugar.
Começo lento ao contrário daquele ritmo rápido que me cerca. Vou subindo degrau por degrau. Abaixo dos meus pés se abre um fenda clara; ajoelho de curioso e deslizo naquela luz que brota do chão. Vou caindo e ao mesmo tempo não tenho medo, minhas mãos vão se transformando em asas e como se o ar me abraçasse eu ia sentindo aquele aconchego de segurança.
O buraco vai ficando pra trás junto com o céu claro que me cobria naquela tarde. O sol ia se escondendo e a noite com seu vestido bordado pintava luzes amarelas ao fundo da cidade até vestir o fim de dia por inteiro. Eu que já flutuava no meu próprio céu, acordava sentado na beira de um forte, assistindo o pôr do sol mais belo que alguém poderia sonhar.
4 de Fevereiro de 2018
Jodhpur – Índia