O tempo não faz passar a dor. Pelo contrário: quatro anos (1.462 dias) após o rompimento da barragem I, da mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho, familiares das três “joias” que permanecem desaparecidas sob milhões de toneladas de rejeito seco da mineradora Vale só sentem crescer o sofrimento e a revolta diante do desastre que ceifou 272 vidas (incluindo duas grávidas e seus respectivos bebês) em 25 de janeiro de 2019.
Sem corpos para enterrar até hoje, os parentes de Nathalia de Oliveira Porto Araújo, Maria de Lurdes Costa Bueno e Tiago Tadeu Mendes da Silva vivem um luto interminável enquanto esperam por justiça.
Bombeiros ainda procuram vítimas
O único alento para as famílias é o trabalho incessante do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, que se empenha diariamente na mais longa operação de buscas da história do país. Na fase atual, os militares usam quatro estações de peneiramento – equipamento originalmente utilizado na atividade minerária – para vasculhar cerca de 8.000 toneladas de rejeitos por dia. Um trabalho minucioso, que aumenta as chances de localização das vítimas.
Comandante de uma das equipes da operação, o major Marcos Vinícius Evangelista garante que não há prazo para encerramento das buscas. “Enquanto houver possibilidade de encontro, os bombeiros vão estar aqui em Brumadinho”, garante.
Em busca de justiça
Familiares das vítimas ainda aguardam o julgamento dos indiciados pelo rompimento da barragem em Brumadinho e temem que os culpados fiquem impunes. A preocupação aumenta diante do risco de prescrição de alguns crimes, como alertou a ministra do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, na quarta-feira (18).
Em dezembro do ano passado, o STF determinou que o caso seja julgado pela Justiça Federal. A decisão invalidou atos decisórios da Justiça Estadual. Agora, Rosa Weber determinou que a Justiça Federal de Minas inicie imediatamente a análise do processo penal.
O que diz a Vale
Em nota, a Vale declarou que ao menos um familiar de cada pessoa morta na tragédia já fechou acordo de indenização com a empresa. A mineradora afirmou ter prestado atendimento psicossocial a 3.300 pessoas, além de já ter desembolsado R$ 23 bilhões em projetos previstos no acordo de reparação firmado com o Estado.