Inchaço da Folha dos municípios se resolve com desenvolvimento econômico local

Entender e sistematizar cadeias produtivas locais deve ser pauta de primeira ordem dos prefeitos - oportunidade de emprego na iniciativa privada, reduz o cabide na administração pública
Entender e sistematizar cadeias produtivas locais deve ser pauta de primeira ordem dos prefeitos – oportunidade de emprego na iniciativa privada, reduz o cabide na administração pública


O inchaço na folha de pagamento das prefeituras só será resolvido quando os gestores acordarem para tocar o desenvolvimento econômico no seu município.

Um problema histórico dos municípios da região da Serra Geral de Minas é equilibrar o gasto com pagamento de pessoas em relação ao total da Receita Corrente Líquida, mais de 1/3 das prefeituras analisadas estão em situação crítica: cidades gastam mais de 54% da receita com pessoal.

Uma equação fácil de ser resolvida e, no entanto, não se vê disposição dos gestores para superá-la.

Não existem dificuldades, basta identificar a vocação econômica da cidade, sondar mercado, investir em ciência, pesquisa e tecnologia, qualificar e instruir os envolvidos nas matrizes econômicas, para se chegar a um produto ou serviço competitivo.

No entanto, não se sabe porquê, os gestores preferem movimentar outros meios para não infringir a meta fiscal.

Não é nada razoável, uma prefeitura ser disparada a maior empregadora em um município, porém isso é regra na Serra Geral.

A gestão pública municipal exige mudanças – a começar pelo perfil do gestor. Definitivamente, não é mais aconselhável esperar, apenas, por repasses dos governos federal e estadual. É hora do administrador entender de gente, negócios, potencialidade, vocação econômica, mercado e seus vieses (cidade, local que as pessoas escolhem para trabalhar e viver, de preferência com qualidade de vida e dignidade).

Em linhas gerais, o novo perfil do gestor público municipal exige uma ginástica bem mais dinâmica do que há alguns anos atrás.

A prática histórica de manter folha em dia e vias limpas, já não basta. A população espera de um gestor bem mais que os serviços básicos. É bom admitir que existem administradores públicos, Brasil adentro, ancorados no atraso, que não conseguem cumprir nem as velhas práticas.

Contudo, não é por falta de aviso, o próprio sistema aponta há algum tempo que o modelo burocrático, engessado, de visão míope e divorciado das cadeias produtivas locais já não consegue dar resultados que a máquina pública precisa e que a população merece.

Quem tem o mínimo de consciência sabe que o desenvolvimento econômico – preterido por maioria dos prefeitos, deveria receber melhor atenção, no entanto é uma dimensão ainda ignorada no meio, fazendo então, que o curso natural das coisas seja desvirtuado.

A propósito, quem é que, pelo menos em tese, deve conhecer a potencialidade de um povo e a vocação econômica de sua região, senão o seu líder?

Sendo assim, convém pontuar que o famigerado Desenvolvimento Econômico entra de vez na pauta dos municípios.

Os gestores terão de criar habilidades para administrar a situação.

Desenvolvimento Econômico que diz respeito exatamente sobre a produção e riquezas de uma região e que por consequência diz respeito também a qualidade de vida, ao bom desempenho na educação, saúde humanizada, infraestrutura com respeito à diversidade dos munícipes, é a área que impacta profundamente positivo ou negativamente a vida de um povo, a depender do grau de vontade dos seus líderes.

De agora em diante não dá mais para esperar. O gestor terá de organizar estratégias e construir programas de desenvolvimento de modo a atrair, reter, manter e firmar parcerias com o empreendedor.

Nesse novo cenário os gestores, necessariamente, devem se posicionar no centro do processo de mudanças, participando do fortalecimento das matrizes econômicas de seu município e gerando alternativas, sem deixar para trás as atividades já desenvolvidas.

Um exemplo fantástico que ilustra bem esse quadro, vem do município de Couto de Magalhães da região do Vale do Jequitinhonha, lá a economista e mestre em administração, Elbe Brandão, desenvolve um trabalho extremamente funcional. Zé Cláudio,  prefeito deste município de pouco mais de 5 mil habitantes, foi o vencedor do estado de Minas Gerais do Prêmio Prefeito Sebrae  2022.