Investir em ações de educação profissional, estudos e discussão de casos além da realização de testes rápidos em todos os serviços de atenção primária à saúde foram algumas das sugestões apresentadas, pela Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros – (SRS), para o diagnóstico precoce, tratamento e controle das hepatites virais nos 54 municípios que integram a sua área de atuação. As propostas foram apresentadas durante reunião organizada pela Coordenadoria de Vigilância em Saúde da SRS e realizada por meio de videoconferência, com a participação do infectologista e professor universitário, Luciano Freitas Fernandes.
Ao falar sobre as hepatites virais, formas de prevenção, diagnóstico e tratamentos, o médico destacou que a vacinação da população contra as hepatites A e B se constitui medida importante e eficaz mantida pelo Programa Nacional de Imunizações – (PNI). A vacina é aplicada em recém-nascidos 12 horas após o parto. Luciano Fernandes lembrou que entre janeiro e outubro de 2016 foram notificados no país 57 casos de hepatite A, número este que saltou para 604 notificações em 2017. Isso representou um aumento de 960% de casos notificados, além da ocorrência de dois óbitos ocasionados por uma doença para a qual existe vacina.
Reforçando a importância das ações de prevenção e de orientação da população, o médico observou que 80% dos casos notificados de hepatite A acometeram homens com idade entre 18 a 39 anos. Por outro lado, a transmissão da doença ocorreu através de relações sexuais em 45% dos casos notificados.
O médico frisou que as hepatites virais podem causar sérios problemas de saúde, visto que compromete o fígado, causando cirrose, câncer e, consequentemente a morte de pacientes que evoluem para os casos mais graves da doença. Porém, frisou Luciano Fernandes, no caso da hepatite C, quando diagnosticada de forma precoce o paciente pode ser curado em 24 semanas. Isso devido à evolução da qualidade dos medicamentos disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde – (SUS), uma vez que a Organização Mundial da Saúde estabeleceu prazo de extinção da doença até o ano 2050.
A referência técnica em hepatites virais da Superintendência Regional de Saúde, Maria Regina de Oliveira Morais reforçou a importância do trabalho dos serviços de atenção primária e de vigilância epidemiológica para o controle das hepatites virais. De acordo com levantamento realizado pela Coordenadoria de Vigilância em Saúde, nos últimos cinco anos foram notificados 156 casos de hepatite B em 27 municípios que integram a área de atuação da SRS de Montes Claros. Por outro lado, entre 2018 e este ano foram notificados 106 casos de hepatite C e sete de hepatite A.
Nesse contexto, ressaltou Regina Morais, “o reforço das ações dos municípios no incremento das coberturas vacinais se constitui medida preventiva importante. Além disso, o avanço da realização de testes rápidos nos serviços de atenção primária à saúde num primeiro momento poderá refletir num aumento de casos notificados de hepatites virais e também de HIV/Aids, porém o diagnóstico precoce possibilitará que os pacientes tenham acesso a tratamentos de forma mais rápida, antes que as doenças evoluam para situações de saúde mais graves”.
Para facilitar o acesso dos profissionais de saúde a informações sobre as hepatites virais, entre elas prevenção, diagnóstico, tratamento e vacinação, a Coordenadoria de Vigilância em Saúde da SRS desenvolveu um padlet, ferramenta on line dinâmica e interativa. Nela, os profissionais tem acesso a informações sobre cursos e capacitações sobre as hepatites virais; rede de atendimento de pacientes, boletins epidemiológicos, entre outros serviços.
Por outro lado, já está disponível o sistema Qualinformação, criado pelo Ministério da Saúde para melhorar a qualidade dos dados inseridos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação – (Sinan), relativos às hepatites virais e HIV/Aids. Vinte e sete municípios da SRS de Montes Claros já estão cadastrados no sistema, número este que deverá aumentar nos próximos meses.