O Presídio de Montes Claros I, no Norte de Minas, inaugurou, nesta quarta-feira (22/6), o espaço “Novo Artes Reintegra”. O local é destinado à capacitação de custodiados e custodiadas da unidade, para fabricação e venda de produtos artesanais, confeccionados a partir de resíduos industriais.
A construção do espaço surgiu a partir do projeto Novo Artes, desenvolvido pela empresa parceira Novo Nordisk, que tem como objetivo promover integração social e contribuição para o meio ambiente por meio do reaproveitamento de resíduos que seriam descartados do processo produtivo da farmacêutica, que é sediada na Dinamarca. Segundo a Novo Nordisk, o projeto permite o reaproveitamento de cerca de cinco toneladas/ano de resíduos industriais, como caixas de bulas, tampas de ampolas de insulina, uniformes (tecido), paletes, entre outros, na produção dos artesanatos.
Diretor-geral do Presídio de Montes Claros I, Eduardo dos Santos Silva, conta que o projeto foi idealizado há cerca de dois anos. “Um galpão existente na unidade prisional foi reestruturado de forma que fossem contemplados não só os aspectos de segurança, mas também de humanização das atividades que serão ali desenvolvidas”, explica.
Segundo o diretor, a expectativa agora é grande: embora a unidade prisional desenvolva diversos projetos junto a outras instituições, esse será o único em andamento que conta com parceria junto à iniciativa privada. “Em um primeiro momento, a gente quer fortalecer o projeto, de forma que o maior número possível de custodiados possa ser contemplado, mas também queremos que esse projeto sirva de incentivo para a participação da iniciativa privada e da sociedade em projetos futuros que visem capacitar e proporcionar a ressocialização ao indivíduo privado de liberdade”, ressalta Eduardo.
Pioneiros
O projeto está sendo implantado de forma pioneira no Presídio de Montes Claros I. Foram investidos, pela empresa parceira, cerca de R$ 200 mil na construção do espaço, que conta com uma sala de capacitação, espaço de vigilância, sistema de CFTV e banheiro.
“É extremamente satisfatório, após 17 anos, continuarmos com ações que realmente impactem positivamente centenas de pessoas. Além da capacitação profissional que o Novo Artes oferece, acreditamos que o projeto pode ser um divisor na vida das pessoas que fazem parte. A nossa expectativa é que, além de descobrir talentos, o projeto possa contribuir com a geração de renda para estas pessoas”, explica Aline Siqueira, analista de Recursos Humanos da Novo Nordisk.
Para aumentar os impactos na vida dos participantes, além da capacitação em artesanato, os integrantes também receberão aulas sobre empreendedorismo, marketing digital e vendas digitais. “Dessa forma, os indivíduos poderão ter ferramentas para, de fato, exercerem uma nova profissão com conhecimentos da produção à comercialização”, ressalta Aline.
A capacitação teve início nesta semana e terá duração de dois meses. Durante as aulas, os detentos trabalham a capacidade de transformar algo sem uso e que seria descartado em um objeto novo, desenvolvendo a criatividade e a imaginação.
Lethícia Silva Vale Dupim é uma das custodiadas participantes e já aprovou a iniciativa. “Através desse curso é como se a gente estivesse em um mundo onde todos somos iguais e a liberdade de ir e vir se faz presente. Não falo só por mim, mas por todos que estão participando. É uma oportunidade que está nos mostrando que podemos, sim, ressocializar”, afirma. “Agradecemos por terem confiado na nossa capacidade de ser pessoas melhores daqui para frente. Além de uma oportunidade de trabalho, é uma forma de reciclar e ver o mundo melhor”, completa Lethícia.
A solenidade de inauguração do novo espaço contou com a presença do diretor regional de Polícia Penal da 11ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp), Antônio José Costa Neto, diretores do Presídio de Montes Claros I, representantes da empresa parceria e autoridades locais.