Prefeitura homenageia Josefina Mendonça, montes-clarense que viveu à frente do seu tempo

Foto: Arquivo pessoal.
Foto: Pedro Neto/Divulgação.

A Prefeitura de Montes Claros, através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, vai homenagear a estilista e paisagista Maria Josefina Mendonça Ferreira, falecida em 1998, aos 76 anos. A solenidade será a partir das 18 horas desta quarta-feira (27), no canteiro central da avenida Francisco Sá, no centro da cidade, esquina com a rua Carlos Pereira.

O Município instalou um busto no local, obra do artista plástico Gu Ferreira, semelhante às que homenageiam o ambientalista Cândido Canela (Parque do Canelas) e o ex-prefeito Antônio Lafetá Rebello (no Parque Municipal Milton Prates). O local está sendo ornamentado e embelezado.

Josefina Mendonça Ferreira foi uma mulher revolucionária, dedicada à família e que viveu à frente do seu tempo. Artista, inovadora e empreendedora, nasceu em Montes Claros no ano de 1922, primogênita de 10 irmãos. Viveu parte da sua infância em São Pedro da Garça, onde os seus pais, João Xavier de Mendonça e Juraci de Souza Lima Mendonça, tinham um negócio e uma fazenda.

Casou-se aos 19 anos com o dentista e tenista belo-horizontino Sebastião Moreira Ferreira. Na década de 1940, acompanhava o esposo quando este ia jogar tênis, aos sábados, na Praça de Esportes, ambos de bicicleta e usando shorts brancos típicos, cena que surpreendia a sociedade daquela época.

Foto: Arquivo pessoal/Divulgação.

Teve 7 filhos: César, Aline, Sebastião Darlan, Olavo, Adriano, Átila e Robledo. Era generosa, pois sempre estava ajudando algum parente ou pessoa em dificuldade. Recebia parentes em sua casa, para estudar. Era fã de livros de mistérios e colecionava obras de Agatha Christie e Ellery Queen, entre outros autores do gênero. Tinha um ateliê de costura, em casa, transformando desenhos em lindos vestidos brancos, que alimentavam os sonhos das moças.

Em seu sítio, no Cintra (hoje parte da cidade da área urbana), cultivava frutas. Gradualmente, foi transformando o sítio numa floricultura. Nos anos 50, produzia flores. Com o tempo, desenvolveu a técnica de armar buquês para decoração de eventos: festas, inaugurações de lojas, matrimônios, etc. Com o seu sentido artístico, o negócio de floricultura se desenvolveu. Criou a “Floricultura Josephina”.

A morte repentina do esposo foi uma tragédia para toda a família, especialmente para Josefina. Teve que reconstruir a sua vida, enquanto assumia maiores responsabilidades econômicas e familiares. Os anos seguintes foram muito duros para ela, mas o hábito da leitura e o trabalho na floricultura e no paisagismo ajudaram muito para que ela superasse aquelas dificuldades.

Mulher revolucionária

Foto: Arquivo pessoal/Divulgação.

Josefina tinha uma concepção liberal dos costumes. Em Montes Claros, foi a primeira mulher a usar calça comprida e shorts em público e uma das primeiras jovens esposas a passear de bicicleta pela cidade. Representou uma ruptura com os costumes tradicionais dos seus pais e tios. Criou duas empresas e se auto-educou para prestar um serviço de qualidade. Educou os filhos para que fossem pessoas independentes e conhecessem outros lugares. Nos últimos anos de vida, doou lotes e casas para todos os seus empregados do viveiro de plantas.