Quando acordei para encontrar com vocês o sol já ia alto.
Já era tarde, mesmo assim foi um momento sagrado da poesia.
Não seria um poeta feliz e em estado de gratidão se não tivesse encontrado com Mia e Rosa…
Eles me incentivaram a ir de encontro com muitos Salinenses que não sabem escrever ou sequer falar português, que são co-autores dos meus livros e iluminam a minha escrita.
Penso que este texto serve para celebrar o que já fiz, mas também para incentivar o que há ainda tenho por fazer, e quanto falta realizar para que seja mais viva e mais verdadeira a história Salinense.
Quero partilhar com o povo de Salinas, foi aqui que aprendi a viver em poesia.
Este momento pertence a esse sentimento do mundo que os contadores de historias me legou como uma sombra, que resta mesmo depois de tombar a última árvore.
Partilho, finalmente, este momento com a gente anônima de Salinas, essa multidão que fabrica o município vivo e sonhador que venho celebrando há muitos anos.
Todo este município de gente tão diversa faz-se aqui representar pelos versos deste poeta e fantasiar sobre as paixões da escrita.
Somos, enfim, produto de uma história que se fez só por metade.
Da narrativa do nosso passado, faltam a voz e o rosto dos que, afastados da escrita, não puderam registar outras versões dos nossos encontros e desencontros.
Talvez hoje posso resgatar as vozes que ficaram esquecidas e ocultas.