Morre o jornalista e cineasta Arnaldo Jabor

Foto: Rede Globo / Reprodução.
Foto: Rede Globo / Reprodução.

Arnaldo Jabor morreu na madrugada desta terça-feira (15), em São Paulo. De acordo com a família, o cineasta, cronista e jornalista, de 81 anos, faleceu por volta da meia-noite, em decorrência de complicações de um acidente vascular cerebral (AVC).

Ele estava internado desde meados de dezembro de 2021 no Hospital Sírio-Libanês por conta da doença. De acordo com boletim médico divulgado na ocasião, o jornalista estava consciente e apresentava melhora progressiva.

O velório está sendo realizado em uma cerimônia fechada para familiares e amigos próximos em São Paulo na tarde desta terça-feira (15).

À noite, o corpo de Jabor será levado para o Rio de Janeiro, onde será realizada uma nova cerimônia, aberta ao público, no Museu de Arte Moderna (MAM). O corpo será cremado na capital fluminense.

Biografia

Nascido em 1940 na cidade do Rio de Janeiro, Arnaldo Jabor é filho de um oficial da Aeronáutica e uma dona de casa.

Ele começou a carreira jornalística aos 22 anos n’O Metropolitano, jornal ligado ao movimento estudantil.

Já em 1967, dava seus primeiros passos como cineasta ao lançar seu primeiro longa metragem – o documentário “Opinião Pública”, sobre como o brasileiro olha sua própria realidade.

Jabor participou da segunda fase do movimento do Cinema Novo, que, inspirado pelo neorrealismo italiano e a Nouvelle Vague francesa, se contrapôs às produções no estilo hollywoodiano da época e buscou levar às telas as questões políticas e sociais do país.

Com a repressão da ditadura militar, nos anos 70 os diretores apelaram para caminhos metafóricos e alegorias para continuar sua proposta sem serem pegos pelos censores.

No final de 1972, Jabor lançou uma de suas principais produções em vida – a adaptação da peça homônima de Nelson Rodrigues, “Toda Nudez Será Castigada”. O filme conta a história de Herculano, viúvo conservador que jurava jamais ter outra mulher, mas conhece e se apaixona por Geni, que trabalha como prostituta.

O filme foi a quarta maior bilheteria nacional daquele ano, e recebeu, no ano seguinte, o Urso de Prata no Festival de Berlim.

Outra produção que fez sucesso foi “Eu Sei Que Vou Te Amar”, lançado em abril de 1986, que conta a história de um casal recém-separado após seis anos de união, e marcam de se reencontrar após três meses sem se ver. A obra foi selecionada para a mostra principal do Festival de Cannes, concorreu na categoria de melhor filme, e rendeu o prêmio de melhor atriz para Fernanda Torres.

Na década de 1990, durante o governo Collor, Jabor se dedicou ao jornalismo mais ativamente. Estreou como colunista do jornal O Globo, e posteriormente levou a coluna para a televisão, na Rede Globo, onde fez sucesso com aparições no Jornal Nacional, Bom dia Brasil, Jornal Hoje, Fantástico e Jornal da Globo.

Neste último, inicialmente, em 1991, dividia uma coluna de um minuto às segundas, quartas e sextas, com os jornalistas Paulo Francis e Joelmir Beting. Nos anos 2000, passou a apresentar a coluna sozinho.