Moc: aumento de casos respiratórios e na pediatria; HUCF explica os efeitos da superlotação

Foto: Ascom/HUCF
Foto: Ascom/HUCF

Há quase dois meses, o Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF) está sobrecarregado e segue com a capacidade máxima de atendimento, o que exige a aplicação permanente do plano de contingência na unidade, com prioridade para os atendimentos dos casos de urgência e emergência. O cenário fora de sua normalidade tem uma série de explicações e pode ser compreendido em números, conforme dados divulgados pelo Escritório de Qualidade do HUCF.

Segundo o balanço divulgado, os comparativos entre 2020 e 2021, deixam evidente uma demanda ampliada de pacientes com doenças respiratórias. Foram 1.562 casos somente no ano passado e com maior incidência em dezembro anterior. Foram 366 atendimentos no último mês do ano passado, o que representa 23,4% do total de todo o ano. A comparação com dezembro de 2020 chega a impressionar. No mesmo período do ano retrasado, foram apenas 93 casos desta natureza atendidos pelo HUCF.

Coordenador da Pediatria do Hospital da Unimontes, o médico Carlos Augusto Lopo explica que os problemas respiratórios identificados nestes pacientes variam entre a bronquiolite, pneumonias virais por Influenza, asma em quadro agudo, pneumonias bacterianas e até mesmo coqueluche. “Estes casos são o de maior incidência na Enfermaria e com maior influência na superlotação do Hospital”, acrescenta o profissional. As secretarias de saúde do Estado e dos municípios de origem dos pacientes estão sendo notificadas.

A bronquiolite citada por ele é um tipo de infecção causa pelo vírus Sincicial, que normalmente acomete crianças pequenas e com incidência mais comum em períodos chuvosos. Só que agora também está afetando os adultos com baixa imunidade.

Ascom/HUCF

 

CRIANÇAS

O HUCF vem absorvendo uma demanda maior do que o normal da rede local de saúde. A sobrecarga é traduzida em números, com 1.550 atendimentos de crianças somente em dezembro último. O aumento em relação ao primeiro mês do ano passado impressiona: 3,3 vezes maior (foram 357 atendimentos em janeiro/2021).

“Pedimos a colaboração da comunidade neste momento em que identificamos a alta demanda na Pediatria, o que deixa evidente a sobrecarga no Pronto-Socorro, a porta de entrada do Hospital nas 24 horas do dia”, observa a superintendente do HUCF, Príscilla Izabela Barros de Menezes. Ela reforça a necessidade de compreensão por parte dos usuários: “a situação de superlotação permanente acarreta na grande demora para todos aqueles que procuram a instituição. Há, ainda, o risco de exposição dos trabalhadores envolvidos na assistência contínua, especialmente no Pronto-Socorro e Pediatria”.

Foto: Ascom/HUCF

A experiência da operadora de caixa, Érica Pereira da Mota, ajuda a explicar o cenário de como o Hospital da Unimontes está absorvendo uma grande demanda local. Mãe do pequeno Mateus, que aos 10 meses está internado há pouco mais de uma semana no HUCF, a comerciária está na cidade para visitar parentes e revela que passou por uma peregrinação pelos hospitais da cidade até chegar ao Hospital e ver o filho atendido por causa de problemas respiratórios.

“Essa viagem foi planejada, mas quando chegamos aqui, ele começou a apresentar os sintomas. Fomos a outros hospitais e não conseguimos atendimento. Viemos para o HUCF e, no mesmo dia, ele passou por exames que identificaram um quadro de pneumonia com infecção no sangue. Foi uma situação complicada, mas consegui um bom atendimento e graças a Deus espero que meu filho se recupere logo para voltar logo para a nossa cidade, no Mato Grosso do Sul”, destacou a mãe.

 

CUIDADOS

Carlos Augusto Lopo faz mais observações neste sentido: “há uma preocupação maior com as discussões sobre as novas expectativas de vacinação contra a COVID-19, mas quanto aos casos pediátricos e os problemas respiratórios dos pacientes em geral ainda falta uma conscientização maior junto à população sobre as condutas simples no campo da saúde: como e quando procurar o posto de saúde ou UPA ou os hospitais”.

O médico observa, ainda, a importância dos cuidados de sempre como se evitar aglomerações, usar máscara, ventilar ambientes e seguir à risca as campanhas de vacinações contra a Influenza e outras doenças. Para ele, houve por parte da população a redução das medidas preventivas, que anteriormente haviam sido bem estabelecidas e cumpridas no ápice anterior da Covid-19.

“Todo este cenário culmina no grande aumento na busca pelo atendimento hospitalar. E, descrevendo outro cenário não menos preocupante, a superlotação aumenta ainda mais o desgaste físico e mental dos profissionais de saúde que estão na linha de frente, com a sobrecarga da estrutura de trabalho e do espaço físico, o fluxo contínuo de pacientes, o estresse e a fadiga mental de todos os envolvidos”, ressaltou o pediatra