Em 2019, a barragem do Rio Bananal, em Salinas, Norte de Minas, foi classificada em relatório da Agência Nacional de Águas (Ana) nas duas categorias de “alto risco”, e embora a notícia tenha deixado assustados os moradores da região, que mantêm suas casas abaixo do reservatório, a administração municipal da época disse desconhecer que tenha sido feita vistoria. Apontou também no relatório erro de localização geográfica: no documento, Bananal aparece como se estivesse localizada no município de Riacho dos Machados, também Norte do estado.
O então secretário municipal de Desenvolvimento Econômico de Salinas, Zonete Alves Mendes, disse que estranhou a informação, pois, nos últimos anos, não teve conhecimento da presença de representantes de nenhum órgão federal ou estadual na região para vistoriar a barragem, que, segundo ele, não apresentava nenhum risco de rompimento.
“O risco de colapso que existe é a possibilidade de secamento da barragem do Bananal, que está sete metros abaixo de sua capacidade de armazenamento”, afirmou com base da situação da barragem, naquele ano.
Em dezembro de 2021, a represa verteu na sexta-feira (24), o que atraiu turistas e moradores da região, principalmente na Tulipa, local onde a água desemboca, seguindo seu curso pelos rios da capital da Cachaça.
A área urbana de Salinas surge também à jusante, distante 33 quilômetros da estrutura. Zonete informou que o grande problema da barragem é o assoreamento, com o carreamento de areia e matéria orgânica para dentro da área do reservatório. “Mas a situação da estrutura da barragem é a mesma desde que ela foi construída em 1991”, assegurou.
A informação de que a Barragem do Bananal foi listada em relatório da Ana como de “alto risco”, ainda que não tenha sido difundida na região, assustou os pequenos produtores que vivem abaixo do barramento. “O pessoal daqui ainda não tem maiores informações sobre isso. Mas, claro que esta notícia preocupa”, disse o agricultor Sinvaldo Ferreira de Oliveira, dono de uma pequena propriedade na localidade de Curralinho, 3 quilômetros abaixo da barragem de Bananal.
“Apenas ouvi dizer” alguma coisa sobre isso (o “alto risco” do barramento no relatório da Ana). Mas, se essa barragem romper acho que as consequências poderão ser até piores do que o desastre em Brumadinho”, ressaltou Sinvaldo.
O ambientalista Eduardo Gomes, do Instituto Grande Sertão (IGS), informou na ocasião que há necessidade de esclarecimento se a barragem de Bananal sofre realmente riscos, a fim de se evitar alarme falso e que isso venha trazer pânico aos moradores. “Mas, se tiver algum problema na estrutura da barragem, é preciso que a Defesa Civil ou outro órgão adote alguma providencia para garantir as condições de segurança à população”.
(Com informações do jornal Estado de Minas).