Coluna Vida em Sociedade: a inteligência artifical pode abater o velho sábio?

Desde muito cedo sempre desenvolvi um certo fascínio por ouvir os mais velhos, pois sabia que eles traziam consigo uma palavra diferenciada da maioria das pessoas da minha convivência. Além do mais era clarividente que alguns outros jovens não estavam dispostos a ouvi-los e isso me intrigava. Os meus avós sempre contavam belas histórias de sua juventude. Eu sentia que isso cada vez mais me enriquecia de alguma maneira. Enquanto eu estava ali ao lado deles a ouvir, pensava: “isso é muito valioso, tenho muito a aprender com eles”! Passei a compreender certa vez que eu não estava fazendo um favor a eles, ou mesmo sendo bondoso. Compreendi que a todo instante em que me aproximava deles, aprendia grandiosas lições para trazer para minha vida. Vale destacar que o escritor e estadista romano, Cícero, professava que “assim como gosto do jovem que tem dentro de si algo do velho, gosto do velho que tem dentro de si algo do jovem: quem segue essa norma poderá ser velho no corpo, mas na alma não o será jamais”.

De outro modo podemos expressar que a tecnologia veloz com qual convivemos hoje parece querer nos tornar cada vez mais impacientes e desatenciosos para com os outros. Antigamente se ouvia falar que os mais velhos sempre deveriam suscitar respeito pelos mais novos, pois carregavam em si a fonte de sabedoria e experiência de vida que deveriam ser transmitidas aos jovens de geração em geração. Os jovens de hoje parecem não se preocuparem com os mais velhos. Em algumas cidades, por vezes, os idosos estão “jogados” em algum canto sem atenção, sem cuidado e sem afeto.

E desenvolvem enfermidades e vão embora dessa vida muito mais cedo pelo desgosto e por constatarem que a sua vida não tem mais importância a ninguém. A imaturidade mental e espiritual que parece se instalar no seio da humanidade constroem quase sempre um ser humano frio, superficial e com princípios e valores vagos. Nossa vida atual poderia ser muito mais preciosa em termos consubstanciais se propagássemos a sabedoria e experiência dos mais velhos, pois eles, sim, trouxeram tal inteligência empírica de geração em geração.

Mais parece que confiamos nosso aprender muito mais a máquinas e programas de internet em detrimento daqueles que nos guiaram desde o nosso nascimento. Definitivamente plataformas da “web” são de grande relevância para o desenvolvimento generalizado. Todavia não tão importantes como àqueles que são nossa raiz sanguínea e que por anos e anos lutaram pela vida de nossos pais e pela nossa vida.

Podemos dizer que a humanidade poderá ser muito mais brilhante quando inequivocamente fazer valer a máxima de que os anciãos, os veteranos detém o poder e a história conquistada por décadas, quiçá centenas de anos. E que eles inigualavelmente tem a fonte da virtude da sabedoria, da mentalidade que pode conduzir-nos a viver com mais acertos do que erros. Afinal aquele que já está na terceira ou quarta idade já carrega consigo muito mais passado que futuro. E sem dúvida ele poderá contribuir de forma magnífica para resolvermos grande parte das atribulações de vivência e convivência que enfrentamos em meio a humanidade.