Campus da UFMG em Montes Claros cria produtos de panificação a partir da macaúba

Encontrado principalmente na transição entre o Cerrado e a Mata Atlântica, o coco de macaúba oferece uma série de possibilidades alimentares. Rica em betacaroteno, um antioxidante essencial para a saúde da visão, o fortalecimento da imunidade e o crescimento e desenvolvimento dos ossos, a macaúba também é fonte de vitamina C, vitamina E e ômega 3, 6 e 9. E foi com foco nessas propriedades que um grupo formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e Universidade Federal de Viçosa (UFV), desenvolveu um trabalho voltado para a produção de alimentos derivados do fruto.

A atividade teve início em junho de 2021 e foi concluída em outubro deste ano. A UFOP desenvolveu uma cocada e a UFV um extrato aquoso da amêndoa. A equipe da UFMG, sediada no Instituto de Ciências Agrárias (ICA), em Montes Claros, formada pela professora Caroline Liboreiro Paiva – coordenadora do projeto na Instituição – e pela acadêmica do curso de Engenharia de Alimentos, Maria Eduarda Soares Andrade, desenvolveu produtos de panificação – como bolos e cookies – a partir da amêndoa da macaúba. “A amêndoa da macaúba é rica em lipídeos de boa qualidade, além de ser rica em fibras. Então, nós propusemos produtos que fossem benéficos para a saúde de um público em geral”, afirma a professora.

O trabalho foi voltado para a comunidade Goiabeiras, distrito de Acaiaca próximo a Mariana, e que foi atingida pela barragem de Fundão, em 2015. Segundo a professora, um fator determinante para a escolha da matéria-prima foi a abundância de macaúba na região.

Parcerias
A iniciativa contou também com a parceria de empresas. A Soleá Soleum, forneceu a macaúba, foi até a comunidade ensinar como cultivar e coletar o fruto. E a cooperativa Grande Sertão, de Montes Claros, fez a extração do óleo da amêndoa da macaúba, que foi o material do projeto do ICA. “A macaúba fora do endocarpo (camada mais dura da amêndoa) e já branqueada foi doada pela Soleá Soleum. Com o óleo extraído na cooperativa Grande Sertão, foi feita a farinha, a partir da qual foram desenvolvidos os produtos de panificação. Após verificação de análise sensorial, os produtos foram levados para a associação na comunidade de Goiabeiras”, explica a professora Caroline Paiva.

A associação produz produtos de panificação para a merenda escolar. Com a proposta, cria-se uma alternativa mais saudável para a alimentação nas escolas e também uma nova fonte de renda. “A associação é composta por 16 agricultoras familiares e, além de ter famílias que foram atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão, essas pessoas foram afetadas economicamente pela pandemia da covid-19. O desenvolvimento dos produtos foi uma forma que encontramos de ajudá-las a gerar uma renda extra, além de poderem vender produtos mais saudáveis ao consumidor”, conta a estudante Maria Eduarda Andrade.

A professora Caroline Paiva destacou a importância das parcerias para o desenvolvimento de trabalhos como esses e adiantou que novas atividades estão por vir. “Para nós, foi um trabalho muito interessante porque mostra os benefícios dessas parcerias, como elas agregam para todo mundo. Quando várias pessoas estão envolvidas, a contribuição e os frutos são bem maiores, sem dúvidas. Isso tudo nos deixou bastante satisfeitos. Inclusive, estamos com uma proposta de um novo projeto, que já foi submetido à Fapemig [Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais] e estamos esperando resposta. É um trabalho de extensão semelhante a esse, na região do Norte de Minas, com a macaúba”.

O trabalho desenvolvido no ICA foi um dos premiados na 25ª Semana de Extensão da UFMG, realizado dentro da 31ª Semana do Conhecimento, em outubro deste ano.