MOC tem 1ª mulher trans com alteração de nome e gênero na certidão de nascimento de forma gratuita

Foto: arquivo Bruna Pimenta / Divulgação

Dignidade e respeito humano. Retificar o nome e o gênero sem precisar entrar na Justiça é uma possibilidade para algumas pessoas no Brasil. É um direito do cidadão (a), identificar-se com o gênero não-binário, no qual ele não se considera como pertencente a um gênero exclusivamente. A decisão permite que a alteração seja feita diretamente nos cartórios, conforme decisões dos órgãos administrativos e jurisdicionais brasileiros.

Sendo assim, não haverá a necessidade da apresentação de ação judicial para alteração de nome e de gênero, como ocorria antes da referida decisão.

Nessa quinta-feira (14),  em Montes Claros, Bruna Pimenta, pode sentir a alegria em segurar em mãos sua nova certidão, única e atualizada. Ela foi a primeira pessoa a incluir o gênero “não-binário” no campo de “sexo” da certidão de nascimento de forma gratuita na cidade, muitas outras pessoas já estão também neste processo.

O direito foi conquistado gratuitamente com o apoio do Movimento LGBTQIA+ dos Gerais – MGG, sob a coordenação da Mulher trans servidora do município , Livian Venturini, o assistente social e voluntário, Willian Martins, além da valorosa contribuição da Comissão da Diversidade da OAB MOC.

É um sonho realizado. No início eu achei que não iria dar certo. Tive uma grande ajuda do pessoal do MGG, fizemos um movimento, reunimos e fomos na Casa da Cidadania, saber o que era necessário, repassei alguns dados pessoais, juntamos uma lista de documentos e com otimismo aguardei, isso em setembro, e na ocasião, não me foi repassado prazos. Demos início ao processo,  foram 14 documentos, e o Dr. Felipe da OAB, me auxiliou. No geral não foi demorado. E estou extremamente feliz! A alteração de nome e sexo , será muito importante pra mim, pois além de ser mais um passo pra minha transição, também irei evitar muitos constrangimentos em lugares”, desabafa Bruna.

Conforme a representante do MGG, Livian Ventirini, muitas histórias como a da Bruna, se repetem diariamente, muitos sonham em realizar esta mudança e a ajuda de movimentos que incentivam e correm atrás para concretização, fazem toda a diferença.

Além da história da Bruna, o MGG das Gerais, atualmente atende várias outra pessoas trans no núcleo na casa da cidadania”, afirma.

Foto: Bruna Pimenta / Arquivo de Divulgação

O presidente do MGG dos Gerais, José Cândido de Souza Filho, conhecido como Candinho, fala da sensação de dever cumprido, em poder ajudar tantas pessoas, a frente do projeto que realiza em Montes Claros.

Me sinto muito realizado em saber que estamos concretizando sonhos, sonhos estes de seres humanos que ainda sofrem tantos preconceitos. Amenizar a dor e ajudar as pessoas a irem atrás dos seus ideais, não tem preço”, finaliza.

SAIBA COMO SOLICITAR  

Para realizar a mudança para o gênero não-binário, é preciso ser maior de 18 anos de idade e levar ao cartório os seguintes documentos:

  • Certidão de nascimento atualizada;
  • Certidão de casamento atualizada, se for o caso;
  • Cópia do registro geral de identidade (RG);
  • Cópia da identificação civil nacional (ICN), se for o caso;
  • Cópia do passaporte brasileiro, se for o caso;
  • Cópia do cadastro de pessoa física (CPF) no Ministério da Fazenda;
  • Cópia do título de eleitor;
  • Cópia de carteira de identidade social, se for o caso;
  • Comprovante de endereço;
  • Certidão do distribuidor cível do local de residência dos últimos cinco anos (estadual/federal);
  • Certidão do distribuidor criminal do local de residência dos últimos cinco anos (est…
  • Certidão de execução criminal do local de residência dos últimos cinco anos (estadual/federal);
  • Certidão dos tabelionatos de protestos do local de residência dos últimos cinco anos;
  • Certidão da Justiça Eleitoral do local de residência dos últimos cinco anos;
  • Certidão da Justiça do Trabalho do local de residência dos últimos cinco anos;
  • Certidão da Justiça Militar, se for o caso.