Viro hare krishna disfarçado de um sentimento de curiosidade, aquele barulho que tilintava dos sinos de maneira forte ecoava entre a multidão que se formava e aglomerava ao redor daquele Rio Ganges. As vozes cantavam sincronizada com os mantras e os desejos. A poeira subia e se confundia com os sonhos que ali descansavam em formato de orações.
Tocando as mãos despretensiosas de uma alma descolorida, os mais inocentes se descuidavam e entre flores e tropeços enganavam se uns aos outros. Oferecem me o melhor lugar, eu de bobo aceito sem nem pensar. A energia é contagiante, mesmo atento aos meus instintos me confundo entre o que eu quero e o que eles querem de mim, náufrago no meu próprio desejo aquela oferenda que não é minha vai de encontro aos deuses que devo o meu respeito pelas mãos que me pertencem.
Pergunto de maneira despretenciosa ao gringo tão perdido quanto eu naquela situação: – você sabe o que está acontecendo? Ele rindo e sambando feito um brasileiro sorri e diz: – sure. Eu vencido mais não derrotado, acompanho de corpo fechado o desfecho da minha fragilidade em terras estrangeiras: meia dúzia de dinheiros em troca de um aprendizado para a vida inteira.
Varanasi – Índia
21 de Janeiro de 2018