Brasil: um bom governo não basta, tem de ser excepcional

Um bom governo é pouco para superar a defasagem histórica que impacta direta e negativamente a vida dos brasileiros em todos os níveis.

Como cresce pouco há quatro décadas, a economia brasileira é incapaz de prover oportunidade de trabalho e vida digna e segura a parcela considerável da população. Quais as chances de revertermos esse quadro nos próximos anos?

Para termos maior crescimento e menos pobreza, são necessários: estabilidade fiscal e monetária; um aumento da produtividade; estabilidade política e governabilidade.

Esses são os grandes desafios do próximo presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva. Lula terá a missão de buscar um novo arcabouço fiscal para o país, as flexibilizações implementadas para o enfrentamento da pandemia, da invasão Russa à Ucrânia e das eleições, faz necessário o estabelecimento de novas âncoras.

O próximo presidente terá como um de seus desafios, reforçar as regras fiscais para trazer credibilidade e estabilidade ao país, tanto do ponto de vista doméstico como externo.

Quanto à produtividade, não se fala em produzir mais com menos sem ciência, pesquisa, trabalho e inovação, são áreas de fundamental importância para o aprimoramento da competitividade dos produtos brasileiros.

Entretanto, sem dúvidas, a estabilidade política é o ponto alto de tudo que comentamos até aqui, não existe desenvolvimento econômico em ambiente político pantanoso. Portanto, urge a necessidade que seja estabelecido clima harmônico, ainda que, mesmo após uma eleição tão polarizada, mas para a saúde do país é necessário.

Aparentemente, a construção das condições de governabilidade no Congresso Nacional para o terceiro mandato do presidente Lula poderá ser mais difícil do que foi em 2003. Em seu primeiro mandato, o presidente assumiu com o apoio consistente na Câmara dos Deputados de 207 deputados, com o apoio condicionado/independente de 116 deputados e com 190 deputados na oposição, enquanto em 2023 contará com 140 deputados como apoio consistente, 159 na categoria de apoio condicionado e  214 na oposição.

Olhando os dados apenas em sua dimensão quantitativa, constata-se a que houve uma redução de apoio consistente, de 207 para 140, e a oposição cresceu de 190 para 214 na Câmara dos Deputados

No passado recente, nossa mediocridade foi amenizada ou agravada pelas flutuações da economia internacional, em especial pelos preços de commodities. Voltar a crescer por décadas, de forma consistente, requer muito mais que surfar nos choques positivos vindos de fora. Temos que garantir estabilidade fiscal, monetária e política, bem como garantir condições de governabilidade, para que o país possa superar os choques internacionais negativos e ter propulsores internos para o crescimento.

Portanto, para se falar em entregar serviços públicos diversos à população, primeiro o presidente Lula terá o grande desafio de superar todas essas temáticas que compõem a ciência da administração pública.