Exemplos de força e dedicação: mulheres relatam como retomaram os estudos na maternidade

Empreendedora Irene deixou a vida no campo para abrir empresa na capital baiana. Foto reprodução-Feira Vegana

Do gestar ao nascimento, o desenvolvimento de uma mulher enquanto mãe é incontestável. Não existem regras, fórmulas, tampouco receitas para esse papel tão desafiador. A cada nascimento no mundo há, também, o nascimento de uma mãe e, ao seu modo, essas mulheres dão luz a histórias que serão desbravadas. Porém, nessas narrativas, muitas delas se colocam em segundo plano, pois acreditam que só assim conseguirão oferecer uma realidade melhor para os seus filhos.

Empreendedora Irene deixou a vida no campo para abrir empresa na capital baiana. Foto reprodução-Feira Vegana

 

Tânia Rocha é uma dessas incontáveis mulheres que priorizaram a educação dos filhos e deixaram de lado o sonho de cursar uma graduação. Hoje, aos 60 anos, mãe de três filhas a caloura e estudante do 1º semestre do curso de Análises Clínicas realiza o desejo de estudar e apesar dos desafios, marca presença na sala de aula.

Com muita resiliência e força de vontade, ela precisa se deslocar de ônibus e metrô para chegar à tão sonhada faculdade e vencer outros desafios. Devido a uma condição hereditária, Tânia faz uso de aparelho auditivo, mas engana-se quem pensa que isso é empecilho para acompanhar os conteúdos.

Tânia com a filha e a neta durante passeio. Foto – acervo pessoal

“Minha vida foi dedicada à educação das minhas filhas, elas em primeiro lugar e hoje estão todas formadas e trabalhando. Agora posso realizar esse sonho que eu nem tinha mais esperança de conquistar”, celebra.

Tânia explica que a estudante de hoje não é a mesma de tempos atrás. Muita coisa mudou nesse período, como a forma de fazer vestibular, mas as novidades não a assustaram. “No meu tempo de juventude, não tinha tanta facilidade que tem hoje para estudar. Hoje eu estudo com bolsa do Educa Mais Brasil, sem essa facilidade eu não teria conseguido realizar o sonho de trabalhar na área da saúde”, reconhece.

A estudante diz que foi preciso ter muita coragem para iniciar essa nova fase, principalmente porque sabe da importância da educação na vida de alguém. “Estou muito feliz e quero dizer às outras mães que a gente consegue dar conta de cuidar bem dos filhos e realizar nossos sonhos. A educação abre portas, novos caminhos”, incentiva a futura analista clínica.

Assista aqui ao vídeo com a estudante Tânia Rocha

Força e capacidade para trilhar o próprio caminho

Com uma vida simples no campo, à base da agricultura familiar para sustentar uma casa com sete filhos, a administradora Irene Zimmer, 32 anos, tinha todos os motivos para continuar no interior da Bahia com a família, mas ela almejou ir além. E, mesmo diante dos desafios que surgiram no caminho, como uma maternidade precoce, não desistiu de batalhar pela sua prosperidade.

O ponto de partida para a mudança de vida foi quando decidiu sair da casa dos pais, ainda adolescente, em direção a Belo Horizonte. Lá, ficou trabalhando por 15 anos na área da saúde e reuniu experiências como bombeira e cuidadora de pessoas com Alzheimer. “Eu tinha o sonho de trabalhar na saúde, desde pequena achava bonito. Quando cresci me interessei em trabalhar aliando alimentação e saúde”, comenta.

Hoje, mãe de um adolescente de 15 anos, e morando há seis anos em Salvador, capital baiana, Irene está à frente da I Vegan, empresa que ela tirou do papel com muito esforço e que lhe trouxe o sentimento de liberdade. “Abrir minha empresa me deu independência emocional e financeira. Me sinto realizada como empreendedora, principalmente por trabalhar com alimentação vegana que é meu propósito de vida”, esclarece Irene.

Assim como Irene, a motorista por aplicativo e atendente comercial de uma vidraçaria, Ana Carla Bastos, 44 anos, decidiu recalcular a rota da vida e pegou um novo caminho. Dessa vez, com destino à faculdade de Pedagogia. Atualmente, ela concilia os estudos a distância com a maternidade e dois empregos.

Ana, que teve que abandonar o curso de Ciências Contábeis para trabalhar e se dedicar à criação do primeiro filho, hoje inspira o adolescente de 19 anos. A mãe multitarefas fugiu da rigidez do sistema formal do mercado de trabalho para conseguir conciliar estudo e cuidados com a filha de 2 anos.

Ana Carla está cursando o primeiro semestre de Pedagogia EAD. Os sonhos seguem em ritmo acelerado. Quer trabalhar em sala de aula e também coordenar uma escola. “Para poder estar mais próxima da minha filha caçula decidi começar a ter contato com a área pedagógica, quem sabe eu trabalhe na escola que ela estuda para ter uma visão melhor da educação dela. Nesse momento consigo conciliar com a faculdade a distância, é uma oportunidade de seguir na carreira estando mais presente para a minha filha”, planeja.

Fonte: Agência Educa Mais Brasil