Dólar: por que cotação se mantém acima de R$5,00?

Nota de US$ 5 dólares — Foto: REUTERS/Thomas White

Apesar de ter recuado 1,10% na última sexta-feira, dólar deve seguir em ritmo de alta.                                                             

Nota de US$ 5 dólares — Foto: REUTERS/Thomas White

O dólar fechou na última sexta-feira cotado a R$ 5,45, em queda de 1,11%. Após uma semana turbulenta, quando chegou a atingir R$ 5,57 e forçou o Banco Central a vender US$ 1 bilhão por instrumentos de mercado, a moeda norte-americana teve sua maior queda em duas semanas, mas dá sinais de que vai seguir valorizado ante o real nos próximos meses.

De maneira geral, há dois fatores que influenciam a desvalorização da moeda brasileira ante ao dólar: fatores externos e fatores internos.

Dentre os fatores internos, o que mais tem influencia é a dificuldade na condução mais pacífica por parte do governo Jair Bolsonaro no âmbito legislativo e na economia. Neste contexto, as ameaças de uma derrubada no Teto de Gastos, tanto por parte do governo quanto de candidatos presidenciais nas eleições do ano que vem, afetam na cotação do dólar, uma vez que demonstram maior risco fiscal e consequentemente maior risco-país.

As ameaças de derrubar o teto de gastos, ou a chance burlar, de forma legal, o espírito da lei, colocando fora do teto despesas correntes como o Auxílio Brasil e os precatórios, são temas que não estão resolvidos e são discutidos com grandes chances de aprovação nos próximos meses.

No que se refere aos fatores externos, o principal fator que movimenta a alta do dólar fora do Brasil envolve o Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos. A principal instituição monetária do mundo vem dando sinais de que vai diminuir as compras de títulos, o chamado “quantitative easing”, ou afrouxamento monetário, que foi adotado como forma de conter a crise durante o auge da pandemia da Covid-19 e estimular o mercado.

O Fed vinha injetando mensalmente, US$ 120 bilhões de dólares no mercado de títulos e a expectativa é que esse processo de estímulos chegue ao fim nos próximos meses. Ao parar com este programa mais cedo do que o esperado, o Fed faz com que as taxas de juros de curto prazo nos Estados Unidos, subam. Com essas taxas em alta, o dólar se valoriza ante as demais moedas e isso vira um componente a mais para tornar o dólar aqui no Brasil mais caro.

A alta da moeda americana não se reflete apenas no preço de produtos importados, mas em várias cadeias produtivas de artigos nacionais. Quando a nossa moeda se desvaloriza, é como se o Brasil virasse uma grande vitrine em promoção. Nossos preços ficam mais competitivos, as exportações aumentam, pois, é mais vantajoso do que vender no mercado interno e trazemos aumento de preço do mercado externo para o interno.

Os produtos mais afetados são, geralmente, os que têm maior peso na cesta de consumo das famílias brasileiras, o que contribui com a aceleração da inflação.