Impactos econômicos da Crise Hídrica

Imagem: PAC/DNIT | Reprodução

Crise hídrica é a pior dos últimos 91 anos e deve perdurar até novembro, segundo especialistas.

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No Brasil, as chuvas de maior volume ocorrem no período úmido, que compreende a primavera e verão. São exceções as regiões sul – onde chove uniformemente durante todo o ano – e a costa leste e nordeste brasileiro – onde as chuvas têm maior volume pluviométrico no inverno e outono.

Devido ao baixo índice de chuvas, os níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas ficam comprometidos, afetando o fornecimento de energia e o abastecimento de água. As usinas das regiões Sudeste e Centro-Oeste que são responsáveis pela geração de aproximadamente 70% da energia no Brasil, estão operando com seus reservatórios próximos de 22,5% da capacidade de armazenamento.

Para suprir a demanda por eletricidade, o Brasil recorreu as termelétricas – que produzem uma energia mais cara. A tarifa de energia subiu 16,07% nos últimos 12 meses, ante 9,3% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Visando diminuir a demanda por eletricidade, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) colocou em prática a bandeira vermelha 2 e resolveu criar uma tarifa chamada “tarifa de escassez hídrica”. A bandeira vermelha 2 é a maior taxa adicional cobrada até então e faz o custo da energia sair de R$6,24 para R$ 9,49 por 100 kWh, já a “tarifa de escassez hídrica” será de R$ 14,20 e estará vigente de setembro de 2021 a abril de 2022. Devido a nova bandeira tarifaria, a energia deverá subir em média 7%.

Os impactos da crise hídrica se estendem a outros setores da economia brasileira. O setor mais afetado é o do agronegócio – segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o Produto Interno Bruto (PIB) do setor agropecuário caiu de 2,6% para 1,7%. A CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) prevê redução de 9,5% na colheita de cana-de-açúcar, impactando dentre outros produtos, os combustíveis. A CONAB também prevê prejuízos nas safras de soja e milho.

Há um efeito cascata nos demais setores da economia, limitando o crescimento econômico brasileiro. Segundo analistas, caso a crise hídrica persista, a inflação medida pelo IPCA deve ficar próximo aos 8% neste ano e no ano de 2022, configurando um cenário de estagnação. O PIB brasileiro pode ter uma queda de até 2 pontos percentuais em 2022.

A aceleração inflacionária é preocupante pois reflete diretamente no aumento do custo de vida das famílias brasileiras, podendo aumentar substancialmente o número de famílias que sofrem com algum nível de insegurança alimentar.