Manifestantes protestam em frente à casa do prefeito Humberto Souto contra fechamento de academias e quadras esportivas

A quinta-feira (04/03) começou com manifestação de profissionais de Educação Física e donos de quadras sintéticas, em frente à residência do prefeito Humberto Souto, em Montes Claros, no Norte de Minas Gerais. Faixas, cartazes, carreatas e muito buzinaço. O objetivo dos manifestantes é fazer com que as autoridades liberem a reabertura das academias e quadras. Com o decreto publicado pelo município nesta quarta-feira (3) e válido até o dia 22 de março, os espaços fechados destinados aos exercícios estão proibidos de funcionar. Além disso, o documento também restringe a circulação de pessoas e veículos nas ruas entre 22h30 e 5h. Além do fechamento dos Parques e proibição de venda de bebidas alcoólicas.

 

Segundo o prefeito, as medidas mais restritivas são para reduzir o número de casos de coronavírus. Montes Claros chegou a 19.526 casos confirmados e 306 mortes, de acordo com o último boletim do setor de epidemiologia da Prefeitura de Montes Claros. Ao todo, 17.809 casos são consideradas recuperadas.

Cerca de 70 profissionais participaram da manifestação. O grupo chamou atenção de quem passava em frente à casa de Humberto. Um dos manifestantes, Jean Carlos, é dono de uma quadra esportiva. Ele reforça o pedido de reabertura dos espaços que, além de possibilitar trabalho aos envolvidos, tem a saúde da população como prioridade.

“Nós já viemos de um fechamento de quase sete meses no ano passado e mesmo assim o retorno, foi gradual. O que nós passamos durante esse período eu nunca passei na vida, sem poder trabalhar, sem poder fazer o que a gente ama. Nós estamos sendo considerados bandidos, com medo de polícia bater na nossa porta para nos prender. Nós somos pais de família, nós dependemos do nosso emprego para sobreviver”, desabafa Jean Carlos.

Ciro Malveira Lopes, também é dono de uma quadra sintética, ele discorda da lista de atividades essenciais divulgadas pelo Executivo e acredita que o setor também deveria ficar aberto.

“Nosso sentimento é de injustiça, estamos enxergando muita incoerência nas decisões. Por que que outras atividades que geram aglomerações que não são controlada estão funcionando normalmente e as nossas atividades não? Então, a gente só pede que seja definido condições de trabalho, para as nossas atividades que são tão essenciais quanto as demais, principalmente os atletas. Existem estudos que comprovam que os praticantes de esporte tem menos chance de ter um agravamento da covid-19. O esporte ajuda combater a pandemia”, pontua o empresário.

O Educador físico, Vagner Ruan, trabalha em uma academia. Para ele, o decreto foi elaborado de forma seletiva e até mesmo desproporcional, “no setor das academias foram empregados todos os protocolos contra a disseminação da COVID-19, desde a liberação no ano anterior. Não estamos querendo dizer quem tem que abrir ou fechar, queremos que seja proporcional! Dentro da academia, seguimos as recomendações e lutamos para manter as pessoas com a máscara, fazendo a devida higienização e mantendo o distanciamento. Já em outros setores podemos observar uma grande dificuldade em manter o distanciamento e ainda promovendo aglomerações de proporções astronômicas”.

Ele ainda reclama que o setor ficou totalmente desamparado.”As academias e os profissionais foram atingidos de tal forma, que estão de “mãos atadas” e passam por problemas que são inimagináveis, já que grande parte desses profissionais estão no mercado informal. Como é o caso dos educadores físicos”, afirma Ruan.

Para os profissionais, a reabertura dos espaços estimula a mudança por hábitos mais saudáveis.

“Existem vários artigos científicos comprovaram que o exercício físico atua na modulação do sistema imunológico através de vários processos fisiológicos que proporcionam uma melhor respostas a várias doenças que causam inflamações, dentre elas o COVID-19. E mais uma vez não faz sentido diante da falta de critério apresentada para o fechamento de alguns setores e outros não.Vale ressaltar que  entendemos a situação dos hospitais, das vidas perdidas e estamos aqui pra somar e de verdade focados na saúde das pessoas e juntos no caminho para vencer essa guerra”, exemplifica o educador.

O setor espera conseguir dialogar com a prefeitura.

“As quadras ficaram fechadas durante sete meses, retomaram as atividades, em momento algum foi apresentado um pico na curva pelo retorno da atividades, ou seja, ela seguiu uma normalidade e agora na adoção de novas medidas restritivas penalizam novamente as quadras, então nossa briga é por isso. A gente quer voltar a trabalhar e entende que o momento é de muito cuidado e de muita cautela e queremos trabalhar assim. Quem tem uma vida saudável não está tendo problemas com o vírus, o que atividade física proporciona está sendo penalizado. A gente só quer coerência nas decisões, justiça, e que não penalize setores que já foram tão sacrificados em decretos anteriores”, finaliza Ciro.

Em nota, numa democracia, toda manifestação é saudável, mas o respeito também é fundamental. É preciso entender que a prioridade da Administração é com a saúde e a vida da população. Foi justamente para salvaguardar a vida e a saúde de todos que foi determinado o fechamento, até o dia 22 de março, de várias atividades, inclusive as academias. Assim que houver uma segurança maior com relação à pandemia, a administração voltará a analisar a situação de cada atividade.