Presidente da MCTrans é acusado de improbidade administrativa, assédio moral e importunação sexual 

O presidente da Empresa Municipal de Planejamento, Gestão e Educação em Trânsito e Transportes de Montes Claros (MCTrans), José Wilson Ferreira Guimarães, está sendo acusado pelos crimes de improbidade administrativa, assédio moral, assédio e importunação sexual. Um chefe da Divisão de Trânsito da empresa, que não teve o nome divulgado, também é citado nas acusações.

As denúncias foram feitas para o Centro de Referência em Direitos Humanos (CRDH Norte), que divulgou as informações nesta terça-feira (2), em nota enviada à imprensa. As práticas estariam acontecendo dentro do ambiente de trabalho.

“As denúncias são de pessoas que preferiram manter o anonimato para se resguardarem, mas que apresentaram provas, tais como áudios e prints de conversas por aplicativo. Todo o material apresentado pelos denunciantes já foi protocolado nos órgãos públicos competentes para a devida apuração”, diz o CRDH.

Ainda segundo a nota, as denúncias foram levadas ao conhecimento da gestão do município, por meio da Procuradoria, para providências administrativas.

Os crimes

Segundo as denúncias, seria uma prática cotidiana do presidente, assediar e importunar sexualmente as servidoras. Os atos se estendiam às mulheres contratadas por José Wilson para os cargos de assessoras ou secretárias. “Nesse sentido, teriam ocorrido também retaliações às servidoras que não corresponderam às investidas do gestor e se afastaram do mesmo”, completa a nota.

Outras práticas denunciadas giram em torno de viagens à praia durante o horário de trabalho, uso de viaturas para fins particulares, aplicação de sanções administrativas a servidores públicos da MCTrans, sem o devido processo administrativo.

Para o CRDH Norte, a conduta de maior gravidade teria sido cometida pelo presidente da empresa, ao determinar aos subordinados a exclusão de um auto de infração de trânsito em nome de um Secretário Municipal do sistema de processamento de infrações da empresa. Quanto ao chefe da Divisão de Tráfego, há relatos de recebimento indevido do adicional de periculosidade.

O que diz o acusado

Por telefone, o presidente da MCTrans, José Wilson Ferreira Guimarães, conversou com o Portal Webterra. Segundo ele, as acusações são infundadas e foram feitas, na visão dele, por dois funcionários que perderam regalias. “Dois personagens que foram retirados de suas funções e perderam adicionais por mal desempenho se revoltaram e até me fizeram ameaças e chantagens contra mim”, diz.

O presidente afirma que vai aguardar ser intimado para poder se defender e diz não temer às acusações. “Quantas outras pessoas já fizeram denúncias e não acabou em nada, porque não tinha nada. Eu vou provar isso quando for chamado para me defender. Inclusive todos os funcionários da empresa vieram se solidarizar e todos querem ser testemunhas ao meu favor, para provar que é mentira”, afirmou.

Com relação às denúncias de assédio e importunação sexual, José Wilson foi taxativo ao dizer: “Eu sou um cara solteiro e por isso eles aproveitam para falar sobre assédio sexual, mas isso jamais aconteceu. Podem perguntar todas as funcionárias, eu respeito a todas e todas elas me respeitam”.

Com relação ao Chefe de Divisão de Trânsito, que aparece nas denúncias e não teve o nome divulgado, o presidente disse que este cargo é de chefia, e por isso a pessoa que tem essa função se desdobra trabalhando e tem o direito de receber o adicional. “Ele é chefe, trabalha nos fins de semana, feriado, anda de carro e de moto e tudo o que ele recebeu é normal; na verdade todos os agentes recebem o adicional de periculosidade, portanto essa denúncia também não procede”, comentou.

Já sobre a acusação de retirada de uma multa de trânsito de um Secretário Municipal, José Wilson propôs um desafio. “Se qualquer pessoa apresentar provas de que eu retirei a multa de alguém, eu renuncio ao cargo”. E prossegue dizendo que não tem acesso ao serviço de multas. “Eu fui o único presidente, até hoje, que não tem senha para entrar no sistema, justamente para que ninguém peça para eu retirar multa. Não quero nem saber disso, as multas vão direto pro departamento responsável e eu nem fico sabendo”.

José Wilson ainda diz que nunca viajou sem ser em período de férias e jamais usou os carros oficiais para para fins pessoais. “Pelo contrário, as farras de viagem que tinham na antiga gestão, eu cortei”.

Nossa equipe entrou em contato também com a assessoria de comunicação da prefeitura, para saber o posicionamento do Chefe do Executivo quanto ao caso, mas até o fechamento desta matéria não obtivemos respostas.