Recém-nascido morre após parto e pais acusam hospital de negligência; ‘é uma dor que não tem explicação’

O casal Danilo Ferreira da Silva, de 28 anos e Andresa Adrielle Ramos Prates, de 21, perdeu o primeiro filho no dia 18 de agosto. O recém-nascido morreu dez horas depois do parto, no Hospital Universitário Clemente de Faria, em Montes Claros, no Norte de Minas. Os pais acusam o HUCF de negligência médica.

Nas redes sociais o pai da criança desabafou: “Queremos apenas justiça filho, pois tudo o que ganhei e juntei, comprei suas coisinhas, esperando por você com muita saúde, fizemos todos os exames da sua mãe, mais de 10 ultrassons, estava tudo bem e normal e infelizmente você foi morto no hospital”.

Em entrevista ao Portal Webterra, o casal contou que fizeram o pré-natal na rede particular de saúde; todos os exames solicitados pelos médicos foram realizados. Ao todo foram dez consultas durante a gestação. No dia do parto, Andresa começou a sentir dores à 1h da madrugada; às 5h eles foram para o hospital.

“A Andresa foi chamada para a triagem às 6h30, mandaram ela para a maternidade e às 8h30 foi à consulta dela. A médica fez um toque, tinha 4 centímetros de dilatação, Andresa estava sentindo dores e a médica pediu pra ela ficar andando no hospital”.

Cansada de esperar e ainda com dores, Andresa conta que por volta das 11h15 foi procurar a médica, e a profissional fez outro toque que, segundo a mãe, já estava com cerca de 5 a 6 centímetros de dilatação. “Ela disse que iria fazer minha internação e chamou a minha irmã para acompanhar o parto. Fui colocada numa banheira, apareceu uma mulher que eu não sei informar se era enfermeira, ela disse que a minha bolsa havia estourado, era cerca de 13 horas”.

Segundo a mãe, pelo fato de estar em uma banheira, o hospital não sabe a hora exata que a bolsa estourou. Ela revela que após isso, chegou a ser examinada por três  residentes de medicina.

O casal conta que dado o horário de um novo toque a médica foi procurada, mas estava realizando um outro parto. Apenas cerca de uma depois é que a médica foi ver a paciente que a esta altura já estava com 7 centímetros de dilatação.

“Eu pedi pra ela me dar anestesia mas ela disse que não podia; pedi a cesária e ela também disse que não porque eu teria a possibilidade de fazer o parto normal”, conta a mãe.

O parto 

Na hora que estava sendo preparada para o parto, ao ser anestesiada a gestante se sentiu mal. “A médica pediu pra eu sentar num banco, foi quando ela deu o toque disse que o neném estava com a mão na cabeça, ela havia sentido o dedinhos. Ela pediu pra eu fazer força, mas o neném não descia e ela chamou outro médico. Esse médico também pediu pra eu fazer força, quando eu fiz força novamente saiu a cabeça do neném e o médico olhou pra mim e desenrolou duas vezes o cordão do pescoço do bebê”, lembra.

Ainda segundo a mãe, o médico voltou tempo depois e falou que a gestante havia tido uma infecção no início da gravidez e que isso poderia ser a causa do que estava acontecendo com  neném, mas os pais alegam que o problema foi tratado no início da gestação.

Danilo ferreira revela que o médico perguntou o porque a mãe não tinha realizado o parto pelo plano de saúde e ele respondeu ao profissional que o plano não era coberto no hospital. “Quer dizer que se a gente tivesse entrado com o plano eles teriam feito uma cesária nela?”. O pai conta também que em nenhum momento os profissionais se quer olharam os exames realizados pela gestante. “Como é que um médico começa um parto e outro médico termina? Já tinha alguma coisa errada nisso”.

Aos familiares o hospital alegou que o bebê, Ítalo Gabriel Prates da Silva, ficou dez horas entubado e não resistiu. No atestado de óbito, o HUCF alegou que a criança morreu de “choque distributivo”, mas a família acredita que essa não é a causa da morte da criança.

O casal entrou com uma ação contra o hospital e um advogado acompanha o caso. “Não queremos dinheiro, não queremos aparecer, não queremos fama nem nada do tipo. Quando eu comecei essa luta eu disse pra Deus que era pelo meu filho. Eu vou provar pra todos que eles erraram”, afirma o Danilo.

Sonho interrompido

 

Este seria o primeiro filho do casal. O bebê Ítalo foi bastante esperado pelos pais. Tudo já estava preparado para a chegada da criança. As roupinhas e o quarto já estavam arrumadas. No dia da revelação do sexo da criança, Danilo e Andresa prepararam um chá revelação. Àquela altura, bastante felizes como mostra o vídeo a baixo, eles não poderiam imaginar o que o futuro aguardava.

Hoje o sentimento é de bastante tristeza. “A gente perdeu o sentido de tudo, a vida dele acabou e a da gente também porque é uma dor que não tem explicação. O que aconteceu foi um crime, um homicídio. Como é que você tem uma ferramenta pra fazer o trabalho e você nega fazer? Ele só precisava de um cesária e eles negaram até matar meu filho”, finaliza.

O que diz o hospital

Por meio de nota, o Hospital Universitário Clemente de Faria disse que se solidaria a família neste momento de dor e informou que segue as recomendações do Ministério da Saúde para o atendimento obstétrico e neonatal atendendo aos requisitos para a garantia da assistência segura ao binômio mãe-filho em todas as etapas do atendimento.

O hospital ressaltou ainda que, conforme recomendações e exigências específicas do Ministério da Saúde, todos os casos de óbitos institucionais são analisados dentro dos mais rigorosos padrões de vigilância para classificação, como óbitos evitáveis ou não e para definição de ações na melhoria contínua do cuidado em toda a rede de assistência à saúde.